As organizações sindicais devem anunciar este sábado novas greves e manifestações de professores. Sem antecipar as ações, que devem realizar-se até aos protestos que serão decididos nos plenários das escolas depois do Carnaval, o secretário-geral da Fenprof frisa que a contestação "não está ao nível de vigílias ou abaixo-assinado mas de greves e manifestações".
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A manifestação deste sábado foi convocada pelas nove organizações que aderiram às greves distritais: além da Fenprof e FNE (que se juntou depois aos protestos), SIPE, ASPL, Pró-Ordem, SEPLEU, SINAPE, SINDEP e SPLIU. A concentração está marcada para as 14 horas na praça Marquês de Pombal e a manifestação descerá a avenida da Liberdade até ao Terreiro do Paço. A PSP já anunciou que irá cortar o trânsito em algumas ruas a partir das 12 e 30 horas.
Desde 2008, quando a antiga ministra socialista Maria de Lurdes Rodrigues dividiu a carreira, que a classe docente não se mostrava tão unida. A adesão às greves e aos protestos ultrapassam os sindicatos e, por isso, acreditam os líderes das duas federações (Fenprof e FNE), a manifestação de hoje deve voltar a encher o Terreiro do Paço, como há 15 anos, quando estiveram mais de 120 mil pessoas.
Até quinta-feira tinham sido alugados mais de 500 autocarros, só no Norte quase 200. Em algumas zonas, como Coimbra, os docentes "esgotaram" os autocarros disponíveis para alugar, revelou Mário Nogueira. Há quem venha de carro e até de barco (um grupo de 650 professores do Barreiro) para Lisboa.
Os níveis de contestação que alimentam greves desde novembro e que os dirigentes classificam de "histórico" determinou uma diferente organização do desfile de hoje: "o protagonismo vai ser dado às escolas" e não aos sindicatos, explica Nogueira. Os professores vão desfilar pela ordem das greves distritais. Ou seja, Lisboa inicia e o Porto fecha.
Para Mário Nogueira e João Dias da Silva (FNE) o protesto de hoje tem de enfatizar a defesa da profissão. Os governos podem ter parado o relógio da contagem do tempo para a carreira mas não houve pausas para o envelhecimento dos professores. As aposentações vão continuar a bater recordes, em março reunem os requisitos para a aposentação mais 244 docentes. Desde 1 de janeiro já são 742. No ano passado foram 2401, o maior número desde 2013. "É o futuro e a importância social da profissão docente que está em causa", frisa Dias da Silva.
As organizações voltam a reunir com o ministro dias 15 e 17 sobre as alterações ao regime de concursos e de recrutamento dos professores. Os dirigentes afastam a possibilidade de acordo sem o Governo calendarizar negociações como a recuperação integral do tempo de serviço que esteve congelado ou o fim das vagas para o 5.º e 7.º escalões da carreira. As organizações também reivindicam um regime específico de aposentação, a eliminação das quotas na avaliação, alterações ao regime de mobilidade por doença, atualização salarial, apoios às deslocações, regulação dos horários e desburocratização da profissão. Quanto à proposta em cima da mesa, a criação de um conselho local de diretores para colocar e gerir professores contratados e de quadro, completando-lhes o horário, é liminarmente rejeitado.
S.TO.P. marca presença
O S.TO.P. anunciou que também irá participar na manifestação deste sábado apesar de as nove organizações não terem respondido aos pedidos feitos pelo sindicato para um dos seus dirigentes também discursar e para que a lista de reivindicações incluísse as alterações defendidas pelo sindicato para os funcionários não docentes. O S.TO.P. mantém os pré-avisos para a greve por tempo indeterminado, pelo menos, até dia 24.
Na sua página no Facebook, o S.TO.P. marca como ponto de encontro "a parte inferior do Parque Eduardo VII" e explica que só desfilará após todas as escolas ou regiões começarem a descer a avenida da Liberdade.