Autoridade Marítima regista ainda 300 salvamentos aquáticos, a maioria em areais sem vigilância.
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Nos últimos três anos, nove pessoas morreram quando foram a banhos em praias marítimas antes do verão. Só este ano foram três, todos menores. Este fim de semana as temperaturas vão ser elevadas, sobretudo a sul, e mais algumas praias vão colocar nadadores-salvadores a vigiar. Mas vários municípios já têm dispositivos para ter alguém de olho no mar todo o ano ou em períodos de maior afluência, para tentar acautelar tragédias.
Entre janeiro e 31 de maio deste ano, três jovens perderam a vida em praias marítimas. O primeiro caso aconteceu em abril, quando um rapaz de 17 anos foi levado pelo mar na Costa da Caparica. Em maio, dois irmãos, de 11 e 15 anos, desapareceram em Pedrógão, uma praia que só a partir de hoje terá nadadores-salvadores no areal, presença que se vai manter até 14 de setembro. Todos os corpos foram encontrados.
Em 2024, em período homólogo, portanto, entre 1 de janeiro e 31 de maio, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) regista quatro vítimas mortais. Em 2023 contaram-se duas. Foram todas em praias marítimas não vigiadas.
Menos resgates
Os dados enviados ao JN pela AMN revelam, ainda, que o número de resgates aquáticos tem diminuído. Este ano, até 31 de maio, registaram-se 43 salvamentos: 29 em praias marítimas não vigiadas, nove em praias marítimas vigiadas e cinco noutras áreas.
Em 2024, em período homólogo (entre 1 de janeiro e 31 de maio), a AMN contabiliza 73 salvamentos em praias marítimas não vigiadas, 20 salvamentos em praias marítimas vigiadas e três noutras áreas. Em 2023, no mesmo período, os números apontam para 121 resgates em praias marítimas não vigiadas, 38 resgates em praias marítimas vigiadas e dois resgates noutras áreas onde as pessoas vão a banhos. Feitas as contas, houve 300 salvamentos desde 2023.
Como existem “ainda um número significativo de praias que não possuem qualquer sistema de vigilância ou apoio a banhistas”, a Autoridade Marítima Nacional recomenda que as pessoas frequentem praias vigiadas e respeitem a sinalização das bandeiras e indicações dos nadadores-salvadores e demais autoridades.
A partir de hoje, mais algumas praias entram na época balnear e terão vigilância, o que tornará mais seguro ir a banhos, num fim de semana em que os termómetros vão ultrapassar os 30 graus em muitas zonas do litoral sul (ver ficha). No Norte, o arranque da época balnear será no próximo fim de semana, em praticamente todas as praias. Vários municípios, porém, já desenvolveram dispositivos para assegurar que, mesmo fora da época balnear, há quem vigie o areal quando surgem dias de calor (ler ao lado).
Federação alerta Governo
Num manifesto entregue pela Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (Fepons) aos partidos políticos, que seguirá em breve para o Governo, a Fepons alerta para “a elevada mortalidade por afogamento em zonas e períodos não vigiados, o que evidencia a necessidade urgente de cobertura mais ampla e eficaz ao longo do ano”.
Também a contratação de nadadores-salvadores tem sido difícil. Alexandre Tadeia, presidente da Fepons, diz que há zonas do país, onde ainda não começou a época balnear, que “estão à procura de nadadores-salvadores”. Em locais onde a época já começou, se faltarem nadadores-salvadores, é possível estarem a ser solicitadas “muitas horas” a quem já foi colocado para colmatar faltas nos dispositivos de segurança.