O novo bastonário da Ordem dos Médicos vai fazer um levantamento exaustivo dos problemas da saúde em Portugal, recorrendo à ajuda dos cerca de 60 mil profissionais inscritos na ordem e outros intervenientes no setor, para apresentar soluções num relatório que pretende ser um contributo dos médicos para o país. Carlos Cortes toma posse, esta quarta-feira, como bastonário da Ordem dos Médicos, sucedendo no cargo a Miguel Guimarães.
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A cerimónia, que está marcada para o final do dia em Lisboa, vai contar com a presença do ministro da Saúde. E os recados serão muitos. Porque a atualidade o exige, mas também porque é necessário "ir além dos remendos e pensos rápidos" e "dar uma resposta de fundo" ao que está antes e depois dos problemas, nomeadamente a literacia em saúde, os cuidados primários e a potenciação da área social. E, depois, é preciso olhar à volta.
"Falamos muito das urgências, das listas de espera, da falta de médicos de família no sul do país, mas falamos pouco do envelhecimento, do Ambiente, da pobreza e não atuamos nessas áreas", afirmou, ao JN, Carlos Cortes.
Atenção à violência
O novo bastonário entende que a Ordem dos Médicos deve olhar, por exemplo, para a questão das alterações climáticas, que influenciam o aparecimento de novas doenças, deve desafiar o Ministério da Saúde a preparar a próxima pandemia - "para que não fique tudo esquecido, como já aconteceu antes" -, deve abordar as questões do envelhecimento e da pobreza, que impede tantos doentes de acederem a cuidados de saúde ou de comprar medicamentos.
A violência sobre os profissionais de saúde, mas também exercida noutros contextos - violência doméstica, abusos sexuais - são áreas que vão merecer especial atenção. "A ordem tem de dar um contributo positivo para evitar que estes casos aconteçam, criando gabinetes e grupos de trabalho para se debruçarem sobre estas questões. Queremos criar, também, pontes com organizações da sociedade civil para fomentar o diálogo e ajudar", adiantou Carlos Cortes.