O novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, lamentou esta quarta-feira, em Fátima, as mortes provocadas pela pandemia em muitos dos lares portugueses, e que "poderiam ter sido evitadas".
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Na primeira conferência de imprensa enquanto líder dos bispos, o bispo de Setúbal alertou ainda para a necessidade de um maior reconhecimento aos profissionais de saúde e para a urgência em combater as "bolsas de pobreza" que se avizinham em consequência da crise pandémica.
"O importante é que não fique ninguém para trás", sublinhou o prelado, pedindo "criatividade" e o aproveitamento de sinergias "para que não se volte a experimentar a situação de penúria" vivida no período de recessão iniciado em 2008, e nas crises económicas anteriores.
Frontal na abordagem às perguntas colocadas e determinado a contribuir para uma Igreja católica "em diálogo com a cultura", atenta "ao que se passa no país e no mundo" e disponível para a escuta permanente "da realidade em que vivemos", D. José Ornelas manifestou-se preocupado com a situação de rutura vivida em algumas instituições de solidariedade social, referindo-se, em particular, aos lares de idosos.
"Só pode lamentar-se que muitos residentes em lares tenham sofrido mortes que poderiam ter sido evitadas. Há que dar outra atenção à condição dos idosos e das instituições que deles cuidam", reforçou o prelado, como uma das conclusões que saíram da Assembleia Plenária da CEP, onde foi eleito presidente para o próximo triénio.
No comunicado final do encontro, muito centrado nos efeitos da pandemia, os bispos realçaram que, para superar a atual crise, será necessária "uma coesão inédita, entre agentes sociais e políticos", será fundamental "repensar o sistema económico", assente em valores de solidariedade que não se movam apenas "pelas ações de apoio social, mas penetrem também na economia e no mercado".
Confrontado com os movimentos antirracismo que têm subido de tom nos últimos dias, com a vandalização de várias estátuas históricas, algumas delas ligadas à história da Igreja, D. José Ornelas disse serem "exageros compreensíveis", embora, na sua opinião, o mais importante seja compreender a realidade e não usar este tipo de método para combater a exclusão e a discriminação.