
Apagão de abril pôs a nu a vulnerabilidade do SIRESP
Foto: Pedro Correia
O grupo de trabalho criado a 30 de abril pelos ministros das Infraestruturas e da Administração Interna para tentar resolver as falhas sucessivas do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) foi suspenso por causa da escolha de um assessor.
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O objetivo era que o estudo estivesse pronto em 90 dias e em agosto o Governo teve de adiar esse prazo para o final de novembro, mas que, devido a este revés, será muito difícil que o grupo de trabalho cumpra a nova data. Em resposta à CNN Portugal, que avançou com a notícia, o Ministério da Administração Interna (MAI) admite que mesmo este novo prazo será "desafiante".
É que o cumprimento dos prazos complicou-se após o MAI reconhecer "um conflito de interesses" dentro do grupo de trabalho, o que levou à sua suspensão. Um assessor do grupo de trabalho é proprietário de uma empresa do setor, algo que foi detetado numa das últimas reuniões, segundo a CNN Portugal, explicando que será Leonel Simões, dono da empresa Euritex-Tecnologias de Informação, que estará na origem do potencial conflito de interesses.
O coordenador do grupo, Carlos Leitão, disse à CNN que foi ele quem indicou o assessor para o cargo e garante que "a participação de Leonel Simões foi apenas pontual e no início dos trabalhos para analisar e compilar as respostas enviadas pelas entidades utilizadoras do SIRESP". Carlos Leitão não considera que "exista qualquer conflito de interesses", pelo que espera que a situação seja clarificada em breve.
Criado após apagão
Este grupo de trabalho foi criado após o apagão em abril que revelou, novamente, falhas graves nas comunicações de emergência do Estado, deixando literalmente às escuras os órgãos pertencentes à proteção civil.
Quando anunciou o grupo de trabalho, o ministro Miguel Pinto Luz sublinhava que era preciso "um plano de substituição urgente do SIRESP", pois este tinha "voltado a mostrar limitações estruturais e operacionais e Portugal e os portugueses precisam de um sistema de comunicações robusto, fiável e resiliente". Desde a sua criação, o SIRESP já custou 700 milhões de euros.

