No congresso de 2019, a Federação Nacional de Professores tinha 47.584 associados. No conclave que arranca hoje, em Lisboa, são mais 850 – 48.434. Com uma classe docente extremamente envelhecida e aposentações recorde, o rejuvenescimento é crucial nas escolas e na estrutura da organização.
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O desafio é assumido na ação reivindicativa que será aprovada pelos mais de 660 delegados. No momento de se despedir após 18 anos à frente da Fenprof, Mário Nogueira rejeita falar em legados. “Apenas dei o meu melhor”, afirma ao JN.
Num contexto crítico de falta de professores e em fim de semana de legislativas, o congresso tem duas prioridades: a mudança na liderança e o regresso “à luta”, a partir de segunda-feira, pela revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), que o programa da AD atira para 2027. “Não se pode esperar tanto tempo. Vai ser um descalabro”, alerta Nogueira.
“O grande desafio dos sindicatos para esta década é o de renovar toda a estrutura, dos delegados aos dirigentes”, lê-se na proposta de programa que será aprovada no congresso. A renovação da estrutura sindical foi, aliás, o desafio apontado por Francisco Gonçalves ao JN.
“A transição geracional é um dos maiores desafios que temos pela frente. Estamos a ter um crescendo, mas vão sair milhares de professores até final da década”, sublinha um dos dois futuros secretários-gerais, primeiro a ser eleito pelo Sindicato de Professores do Norte.
Mais 166 aposentações
No próximo mês, de acordo com a lista mensal da Caixa Geral de Aposentações, mais 166 docentes reformam-se. Desde janeiro são 1654 e desde o arranque do ano letivo, são 3326, sendo que mais de mil aceitaram adiar a saída e receber suplemento.
A revisão do ECD, que a Fenprof defende como crucial no combate à falta de professores, é, por isso, a batalha que se segue à recuperação do tempo de serviço. A Federação reivindica, por exemplo, uma carreira mais curta e o aumento dos salários nos primeiros escalões. José Feliciano Costa, o outro novo secretário-geral, garante que essa luta começa na segunda-feira, logo após as eleições. “É a principal prioridade pela valorização da carreira”, insiste.
Paulo Sucena, secretário-geral entre 1995 e 2007, assume que o cargo é “um fardo pesado” e defende que um dos maiores desafios que se colocam neste momento de renovação é a “preservação da unidade da Fenprof”. “A passagem do António Teodoro para mim e de mim para o Mário Nogueira nunca causou ruturas”, sublinha.
“Acredito que eles serão capazes de continuar a manter a Fenprof na crista da onda da luta por uma escola pública de qualidade”, afirma Paulo Sucena sobre a escolha de dois secretários-gerais.