O número de imigrantes a viver em Portugal em situação legal quase duplicou na última década, mostram os dados divulgados hoje, Dia Internacional dos Migrantes, pela Pordata (base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos). Ajudam a compensar o saldo natural mas mais de 1 em cada 3 têm contratos temporários.
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Só no ano passado entraram no país 118 mil imigrantes – o número mais elevado desde que há registo. E seis em cada dez têm entre 15 e 44 anos. Quase um terço (31%) vive em situação de pobreza ou de exclusão social.
No final do ano passado, viviam em Portugal 798 480 estrangeiros (7,6% da população). Há dez anos eram cerca de 400 mil. Quase um terço dos imigrantes são brasileiros, sendo 8 em cada 10 provenientes de países de fora da União Europeia. A maioria (62%) são homens, sobretudo jovens, quase metade (48,8%) obtiveram nacionalidade portuguesa e 2 em cada 10 viviam anteriormente noutro Estado-membro.
Contratos temporários
Num contexto de perda demográfica, o crescimento da população desde 2019 só é possível graças aos estrangeiros, sendo o número de imigrantes o triplo dos emigrantes que saem anualmente.
Desde 2008 que se verifica um aumento anual das entradas no país com exceção de 2010, 2011, 2012 e 2020. Na análise à evolução na última década, Portugal foi o 4.º país da UE com maior aumento do número de imigrantes. Há 11 anos era o penúltimo.
O país também fica em 4.º na tabela da precariedade laboral. No ano passado, a taxa de desemprego entre estrangeiros provenientes de países não europeus era mais do dobro da média nacional (14,7% e 6,1%, respetivamente). Mais de 1 em cada 3 tinham contratos temporários. E quase um terço (31%) viviam em situação de pobreza ou de exclusão social (11 pontos percentuais acima do valor da população portuguesa).
Judeus sefarditas
Nos últimos 15 anos a nacionalidade portuguesa foi atribuída a cerca de um milhão de estrangeiros, residentes ou não em Portugal. Aliás, entre 2021 e 2022 mais de metade dos que receberam o título não eram residentes, sendo que, no ano passado, 37% eram descendentes de judeus sefarditas portugueses.
Em relação aos residentes, em 2021, só foi concedida nacionalidade a 3,7%. Ainda assim, Portugal voltou a ocupar o 4.º º lugar, entre os estados-membros que mais concederam a nacionalidade a estrangeiros residentes.
No ensino Básico e Secundário, o número de alunos estrangeiros duplicou em cinco anos, passando de 49 669 para 105855. No Superior, o aumento foi menos expressivo mas nos doutoramentos um terço dos inscritos (34%) são estrangeiros.
Em setembro, mais de 57 mil ucranianos estavam em Portugal ao abrigo do regime de proteção temporária. A UE acolheu 4,2 milhões de pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia, mais de metade estão na Alemanha e Polónia.