GNR apanhou 19 pessoas em flagrante e identificou 138 por suspeita de atear incêndios até 28 de junho. Drones ajudam a prevenir ignições.
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Há quatro anos que não havia um registo tão baixo de incêndios rurais em Portugal e o número de suspeitos de atear fogos também baixou substancialmente. Entre janeiro e 28 de junho, os militares detiveram cerca de metade dos incendiários presos em 2019 e há quatro vezes menos detidos do que em 2018. A GNR apanhou 19 incendiários em flagrante. No entanto, o comportamento negligente continua a ser o principal rastilho.
Os militares detiveram 41 incendiários em igual período do ano passado e 81 em 2018. O número de identificados por suspeita de crime de incêndio florestal também sofreu uma diminuição expressiva: 138 em 2020, 379 em 2019 e 701 em 2018. A GNR tem, neste verão, mais olhos no céu para prevenir e combater ignições nas áreas onde o risco de fogo é maior e o acesso mais difícil.
Dez drones, distribuídos pelo território nacional, estão a vigiar as áreas-sombra das 1114 freguesias prioritárias, onde os postos de vigia e a videovigilância não conseguem chegar, complementando o trabalho da vigilância terrestre. E, se as chamas deflagrarem, a aeronave negra de quatro quilos pode ajudar, num piscar de olhos, a definir o melhor caminho para um ataque em segurança.
Mais de 22 mil patrulhas
No ano passado, a vigilância aérea era cumprida por helicópteros. Um recurso usado "em momentos críticos", relata o sargento ajudante José Aguiar, chefe do Núcleo de Proteção Ambiental da GNR de Viseu. O voo do helicóptero não passa despercebido, mas "acaba por ter um efeito dissuasor. Com os drones, conseguimos ver o terreno e detetar os incêndios, de forma mais dissimulada".
São olhos discretos e ágeis, capazes de ver com detalhe o que se passa no terreno a uma altura de 500 metros, que se estreiam no patrulhamento da floresta e no apoio aos fogos num ano atípico, marcado pela pandemia e que regista uma redução significativa no número de ignições e de detenções, apesar da intensidade de patrulhamento ter sido idêntica à dos dois anos anteriores. Os militares da GNR, afetos à missão de proteção da floresta, já percorreram 1,55 milhões de quilómetros em 22 275 patrulhas. Em 2018, tinham sido cumpridas 21 mil patrulhas e, no ano seguinte, 26 mil.
11,4% dos fogos são criminosos
É preciso recuar ao primeiro semestre de 2016 para encontrar um registo de incêndios rurais tão baixo e, desde 2009, não há outro ano com números igualmente favoráveis. Há registo de 2037 ocorrências até 28 de junho: 1541 fogos florestais e 496 agrícolas. Houve ainda 988 falsos alarmes. No período homólogo de 2018 e de 2019, o socorro foi mobilizado 5957 e 5947 vezes, respetivamente.
Entre os 1076 incêndios rurais com investigação concluída, constata-se que os comportamentos negligentes continuam a ser a principal causa. Cerca de 57,5% (619) dos fogos, que deflagraram em meio ano, foram por negligência. O confinamento não fez desaparecer o crime e contam-se 123 ignições intencionais (11,4%). Nove incêndios terão resultado de causas naturais e 18 de reacendimentos. Os investigadores não conseguiram apurar as causas em 307 (28,5%) ocorrências.