Um quinto dos óbitos por cancro eram de pessoas com 85 ou mais anos. Doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte em Portugal.
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As doenças do aparelho circulatório, os tumores malignos e as doenças do aparelho respiratório são responsáveis por quase dois terços dos óbitos em Portugal. Dentro de cada um destes grupos, respetivamente, sobressai o aumento das mortes por enfarte, cancro e pneumonia. Apesar de ser a principal causa de morte, em 2018 registaram-se menos óbitos por AVC.
Os dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que nunca se morreu tanto por cancro como agora, com os tumores malignos a responderem por um quarto dos óbitos no nosso país. Afetam maioritariamente os homens (59,6%) e as pessoas com idades mais avançadas, com a faixa acima dos 85 anos a registar um quinto dos óbitos. No outro extremo, registaram-se 62 mortes de menores de 19 anos de idade.
Numa leitura mais fina, os cancros do pulmão e do cólon, reto e ânus são os mais letais. Já nos óbitos das pessoas mais velhas, são predominantes os tumores malignos do cólon (712 óbitos) e da próstata (707). Ambos matam mais na Área Metropolitana de Lisboa - 189 e 162 mortes, respetivamente. Se recuarmos a 2008, a mortalidade por cancro aumentou 16%.
Mais mortes por enfarte
Em máximos dos últimos dez anos estão também os óbitos causados por doenças do aparelho circulatório. No ano em análise, a taxa de mortalidade atingiu os 318,3 óbitos por 100 mil habitantes, o valor mais elevado desde 2008, nota o INE. No entanto, os anos de vida perdidos recuaram quase um ano, para 10,3 anos.
Dentro deste grupo, destaque para o aumento de 1,7% das mortes por enfarte agudo do miocárdio, que respondem já por 4% do total de óbitos. O AVC continua a ser o mais letal - 9,9% da mortalidade, que contrasta com os 13,9% registados em 2008 -, mas baixou ligeiramente (-0,3%).
Pneumonia agrava-se
Relativamente aos óbitos por doenças do aparelho respiratório, que subiram 3,8% face a 2017, a pneumonia responde já por 43% daquelas mortes, vindo a aumentar de ano para ano. Em 2018, os óbitos registaram um crescimento superior a 5%, tornando-se na terceira causa de morte. Não sendo porém negligenciável o aumento de 7,9% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crónica, com quase três mil óbitos
Assim, em 2018, há a registar um aumento do número de óbitos para os 113.573, o que fez com que a taxa de mortalidade subisse para 1.099,3 por 100 mil habitantes.
À LUPA
Idade média
A idade média ao óbito subiu para os 78,5 anos e o número médio de anos potenciais de vida perdidos passou dos 13,1 anos, em 2017, para os 13 anos.
Comparação com UE
Na União Europeia, a principal causa de morte é a doença isquémica do coração: 11,6% dos óbitos, contra 6,3% em Portugal. Já as taxas de mortalidade são muito semelhantes, na casa dos 25%.
Classificação
Em Portugal a pneumonia mata mais do dobro do que na UE. Especialistas alertam para a classificação do óbito. Num doente com cancro que morre com pneumonia, cá a causa de morte é a pneumonia e noutros países europeus o cancro de que padecia.