Nunca se atingiu semelhante valor desde que há registos. É quase o dobro face à média. Covid-19 já matou mais neste mês do que em dezembro.
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A pandemia continua a ditar recordes de mortalidade no país. Que, como as projeções, vão sendo ultrapassados diariamente: 20 de janeiro pinta-se a vermelho como o dia em que morreram mais de 700 pessoas no nosso país. Nunca, desde que há registos (a partir de 1980), se ultrapassou tão negra cifra. Desse total, contam-se 221 mortes por covid-19, também aqui um novo máximo.
Janeiro é já uma anormalidade estatística. Depois de dez dias consecutivos com mais de 600 óbitos por todas as causas, a 20 de janeiro chegamos aos 721, de acordo com os dados do eVM - sistema de vigilância da mortalidade em tempo real (às 21 horas de ontem). Hora a que se contabilizavam já 539 mortes para o dia de ontem.
Para se ter a noção, trata-se de quase o dobro (+92%) da média (2009-2019) de óbitos apurada para o mês de janeiro. Nos 20 dias deste novo ano já morreram quase tantas pessoas como em todo o janeiro de 2020. De acordo com os cálculos do eVM, nos últimos sete dias estávamos com uma média diária de 675 óbitos por todas as causas.
Com a mortalidade por SARS-CoV-2 a impactar e a seguir imparável. Neste momento, há já mais óbitos do que em todo o mês de dezembro, aquele que havia sido o mais letal, com 2395. Em 20 dias íamos nas 2714 mortes por covid, o que corresponde a 28% de toda a mortalidade provocada pelo vírus. Neste momento, estamos a duplicar os óbitos a cada 17 dias.
Com impactos na sobremortalidade. A 18 de janeiro passado, pelas contas do professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Carlos Antunes, eram já 2750 os óbitos em excesso. Com a covid-19 a responder por 83% desse excesso.
Incidência em máximos
Números em excesso por infecciosidade em excesso. De acordo com os dados ontem divulgados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, Portugal fechou a semana passada com 1215,2 novos casos a 14 dias por 100 mil habitantes. É a incidência mais alta desde que a pandemia nos bateu à porta e que terá parte da sua explicação no peso cada vez maior da variante inglesa entre os infetados. Pior do que nós só mesmo a Irlanda, a República Checa e Israel.
Sendo que há três sub-regiões acima dos 1500: Viseu Dão Lafões (1894,8 novos casos por 100 mil), Beiras e Serra da Estrela (1504,3) e Terras de Trás-os-Montes (1500,1). As Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa estavam, respetivamente, nos 1041,2 e 1280,4.
Com uma média diária, nesta semana, na casa das 13 mil novas infeções, a pressão sobre os serviços de saúde segue imparável. Anteontem contavam-se mais 137 pessoas internadas. Nos cuidados intensivos entraram mais 21, para um total de 702.