Nunca tantos estudantes do Ensino Superior se candidataram a bolsas. De acordo com os dados da Direção Geral do Ensino Superior (DGES), até à passada quinta-feira (últimos dados disponíveis), já tinham sido entregues 97 707 requerimentos - mais 1250 do que em igual período do ano passado e mais 4498 do que há dois anos.
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Um recorde que reflete o acréscimo de alunos, mas também a quebra nos rendimentos das famílias devido ao impacto da pandemia, apontam dirigentes académicos.
Dos cerca de 93 mil requerimentos já em análise pelos serviços de ação social de instituições públicas e privadas, até dia 21, 23 747 pedidos tinham sido deferidos (25,5%) e 2004 recusados (2,2%). A maioria dos pedidos ainda estavam em processo de análise, por exemplo, a 35 625 (38,3%) faltava informação académica ou "outra" (como as confirmações da autoridade tributária ou da Segurança Social quanto à não existência de dívidas pelas famílias).
"Penso que o recorde de pedidos reflete tanto o acréscimo de estudantes no Ensino Superior como o impacto da pandemia nos rendimentos das famílias", defende João Assunção. À Associação Académica de Coimbra, garante o presidente, ainda não chegaram queixas relativas a atrasos no pagamento das bolsas ou pela demora na resposta dos serviços. "O ano letivo também começou mais tarde", frisa João Assunção, considerando que a capacidade de análise "está dentro do normal" comparativamente aos anos anteriores.
Os serviços registam grande disparidade na capacidade de resposta - por exemplo, na Universidade do Porto, com mais pedidos recebidos (7326), foram deferidos 1101 (15%); a Universidade do Minho aprovou 31,4% dos pedidos (2057 dos 6542 requerimentos) e Évora, 40% (aprovou 705 dos 1743 pedidos). Os politécnicos de Viana do Castelo e da Guarda foram os que menos processos fecharam: deferiram, respetivamente, 23 e 22 pedidos, 1,1 e 2% dos requerimentos recebidos.
Os estudantes podem pedir bolsa durante todo o ano letivo, mesmo reapreciações, em casos de alteração dos rendimentos, como despedimentos.