O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio admitiu, esta quarta-feira, ter tido "conversas" com os ministros das Finanças a quem respondeu politicamente, mas centrou em si o acompanhamento da matéria enquanto esteve no Governo.
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"Admito que tenha tido conversas com os ministros das Finanças sobre as questões em geral do combate à evasão fiscal", sustentou Núncio, referindo-se a Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, que foram os governantes com a pasta das Finanças no executivo PSD/CDS-PP a quem respondia diretamente.
Depois, em audição no parlamento, o antigo governante viria a acrescentar que os paraísos fiscais eram "matéria" por si acompanhada "em particular" dentro do executivo, reiterando a responsabilidade política em exclusivo da não publicação de certas estatísticas sobre transferências para "offshore".
"Nunca discuti a questão da não publicação de estatísticas com o ministro Vítor Gaspar e a ministra Maria Luís Albuquerque", vincou Paulo Núncio, que respondia a perguntas da deputada do CDS-PP Cecília Meireles na Comissão parlamentar do Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Paulo Núncio falava na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, onde está hoje a ser ouvido sobre a transferência de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais entre 2011 e 2014 sem o controlo da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), embora tenham sido comunicados ao Fisco pelos bancos, como a lei obriga.
Em respostas ao deputado do PCP Miguel Tiago, Paulo Núncio advogou que a visão de que "dez mil milhões de euros escaparam do país" é "demagógica e populista", vincando que "não tem nada a ver" com a AT as referidas transferências de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais.
"Uma de duas: ou queremos um país tipo Venezuela onde há um controlo de capitais extremo ou temos um sistema tipo Europa ocidental onde as transferências feitas pelas empresas são objeto de controlo à 'posteriori'", disse.