A sede e o calor abrasador de Lisboa não demovem milhares de jovens peregrinos que sobem a passo apressado o Parque Eduardo VII para mais logo ver o Papa Francisco, na Via-Sacra.
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Sobem o parque no centro lisboeta em cordões humanos e em fila indiana para não se perderem uns dos outros. Milhares de peregrinos já entraram no recinto do Eduardo VII tendo em vista a Via-Sacra que será celebrada pelo líder católico, às 18 horas.
Mas há quem não tenha muita pressa para ficar perto do palco e prefira ficar na zona em que o sumo pontífice irá passar de papamóvel.
Mariana, 24 anos, e Sara, 16, ambas porto-riquenhas, chegaram uma hora e meia depois do recinto abrir, preparadas para o calor: trouxeram chapéus de chuva, água e fruta para se refrescarem. “Nós somos das ilhas tropicais, estamos mais do que habituadas ao calor”, brinca a peregrina mais velha.
Por agora, o grupo de 31 peregrinos de Porto Rico descansa sentado na pequena sombra de uma árvore numa das laterais do parque, mas a zona foi escolhida a dedo. “Um voluntário disse-nos que ontem o Papa passou por aqui de papamóvel, então ficaremos aqui para o vermos de perto”.
Para Sara, esta é a primeira vez numa jornada e, em especial, a ver o líder católico. “Espero sentir a fé que todos têm partilhado sentir até agora”, partilha.
Há filas em cada ponto para encher as garrafas e nos bebedouros espalhados pela Colina do Encontro, muitos colocam a cabeça debaixo das torneiras para se refrescarem das temperaturas altas que se fazem sentir esta sexta-feira na capital.
Perto da entrada principal do recinto, um grupo de 11 jovens portugueses deixou-se contagiar por “One love” de Bob Marley, que está a ser interpretado por um grupo musical no palco-altar. Saltam e dançam enquanto oferecem abraços a quem chega. “Free hugs”, pode ler-se no cartaz que trouxeram consigo.
“Para além de conhecermos pessoas, nós esperamos ajudar com um abraço alguém que não esteja muito bem. Há pessoas que abraçamos só por abraçar, mas há outras que precisam mesmo de um abraço”, afirma Sofia, 14 anos. Os jovens têm vindo gota a gota de Tomar e de Braga ao longo da semana.
A sede e o cansaço que o corpo já carrega não as esmorece. “Psicologicamente estamos cheios. Já vi o Papa ontem e foi uma alegria única”, contribui Catarina, 16 anos.
Depois de distribuírem alegria por quem chega, a missão é conseguir um lugar para ver o líder católico de perto. “Vamos tentar ficar perto das grades, o mais possível”, diz a jovem.
Geovana, 16 anos, não se importa de estar a dançar ao sol. Animada, estende a mão às pessoas que passam para lhe darem um “mais cinco”.
“Esperamos que o Papa olhe para nós, que nos dê a bênção. Não importa o sol, nós só o queremos ver”, partilha a peregrina brasileira.
Para Geovana e Júlia, 15 anos, o ponto alto da Via-Sacra desta tarde será ver o Papa mais uma vez. “Já o conseguimos ver duas vezes de muito perto, a caminho do Mosteiro dos Jerónimos. Tivemos três horas de pé à espera, mas valeu a pena”, contam.
No evento de acolhimento do quarto dia do encontro mundial de jovens, na quinta-feira - e terceiro da visita do Papa a Portugal - pela “Colina do Encontro” e a Avenida da Liberdade estiveram 500 mil fiéis. Esta tarde, estima-se que esse número seja ultrapassado.
Segundo a organização da JMJ, com a tónica na juventude, as estações da Via-Sacra estarão ligadas a 14 fragilidades no mundo identificadas pelos próprios jovens, e que serão interpretada pelo grupo de 50 jovens artistas de 22 países que têm atuado durante os eventos centrais.