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O “Le Monde”, prestigiado jornal francês, e a Prisa Média, reputado grupo de comunicação espanhol detentor de publicações como o “El País”, foram os últimos editores de imprensa a fecharem um acordo com a OpenAI, detentora do ChatGPT. No final do ano passado, tinha já sido noticiado que o grupo editorial alemão Axel Springer tinha sido a primeira organização no Mundo a unir esforços com a OpenAI e a integrar a tecnologia de inteligência artificial nas suas redações.
Estes acordos encerram em si mesmo um secretismo tal, que ninguém que não seja parte sabe qual o seu teor - ainda assim pelo empirismo que subjaz neste tipo negócios e pelo objeto noticiado do contrato, estou certo de que houve, sem qualquer sombra de dúvida, um licenciamento de utilização dos conteúdos produzidos por aqueles editores de imprensa, que desta forma contribuem para o enriquecimento do algoritmo utilizado.
O ChatGPT tem por base modelos de aprendizagem de linguagem, vulgarmente chamados de grandes modelos de linguagem (LLM). Para que estes algoritmos tenham sucesso são necessárias, entre outras, entradas de grandes quantidades de texto de uma língua específica, ou seja, para cada língua é necessário ter uma base de dados com uma quantidade significativa de textos retirados de livros, jornais, internet entre outros.
Sendo este um aplicativo que hoje tem um fim lucrativo, para que o seu sucesso seja pleno cumpre obter a melhor qualidade de texto possível, em todas as suas vertentes. E assim, estou certo de que também pela imposição do novo Direito Europeu com o AI Act, a OpenAI está a adiantar-se e a efetuar estes acordos que permitem que as línguas mais faladas no Mundo sejam alimentadas com a maior qualidade possível e dentro da legalidade.
No caso do português, oitava língua mais falada no Mundo, atrás da espanhola e da francesa, estou certo de que estará próximo o licenciamento desta organização junto dos editores de imprensa nacionais, até porque as regras que em Portugal vigoram no que respeita ao jornalismo e à inerente qualidade e quantidade de produção de conteúdos, sem equacionar as questões relativas à atualidade, fazem deste conteúdo um valor acrescentado para quem alimenta algoritmos de IA.
A resposta mais direta à pergunta é, então, sim paga, mas ainda não, que se conheça, em Portugal.