Megaprodução no Parlamento para acompanhar resultados eleitorais.
Corpo do artigo
Foi a primeira agitação no Parlamento Europeu, na noite que finalmente revelou o voto dos 27 países da União. Com a divulgação dos primeiros dados que davam conta de uma possível grande reconfiguração do panorama político europeu, deu-se um pequeno frenesim no hemiciclo transformado em sala de imprensa, com telemóveis a gravar o que aparecia no ecrã e palavras excitadas ao microfone. Na Áustria e nos Países Baixos, a extrema-direita na frente. Na Alemanha, uma hecatombe para os socialistas, no poder.
O burburinho subiu de tom a cada revelação, com câmaras a passar de um lado para o outro, jornalistas em diretos infindáveis, no centro de uma produção gigantesca. Houve direito a música emotiva e luzes mais próximas das de um espetáculo do que de uma comum zona de Imprensa. Com centenas de jornalistas a trabalhar, era o único sítio na Europa onde se reuniram dados de todos os 27 membros, como sublinhou ao JN o porta-voz do Parlamento.
Nas conversas laterais entre os mais de mil jornalistas e um número incontável de assessores e políticos, um tema quase único, mesmo naquelas conversas em que pouco era possível perceber: qual a importância do ID, a extrema-direita, e do ECR, os conservadores, onde se insere o partido de Meloni, a líder italiana.
Mais tarde, a divulgação da primeira projeção com a eventual composição do novo Parlamento foi abafada pelo desastre eleitoral de Macron, com cerca de metade dos votos da Frente Nacional, e a convocação de eleições em França. Sussurros e esgares de espanto quando nos telemóveis começaram a surgir os alertas vindos de Paris. Em torno dos ecrãs dos computadores, grupos juntavam-se para perceber os números. Já nos bastidores de todo este circo mediático, nos gabinetes mais distantes, presume-se que terão começado conversas e telefonemas para fazer algo habitual nesta casa: negociar, para chegar a um acordo que não agrada a ninguém.
Aprender jargão para não perder pitada
Para nos orientarmos no Parlamento, é preciso aprender o jargão. A organização do “camembert”, distribuição de lugares pelas famílias políticas, vai definir qual dos “spitzenkandidaten”, putativos líderes da Comissão, será eleito. E quando o hemiciclo se reunir em Estrasburgo, documentos que estão em Bruxelas irão na “cantine”, caixa de transporte, e o protocolo terá um “déroulé”, com os passos dos políticos mais importantes.