Jerónimo estendeu a mão a Costa em 2015 e mostrou "sinal vermelho" em 2019 ao rejeitar acordo escrito. Professores e leis laborais criaram divergências.
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4 de outubro de 2015: Jerónimo dá o primeiro passo
O "namoro" foi oficializado pelo secretário-geral do PCP, logo na noite eleitoral de 2015. Enquanto PSD e CDS celebravam a vitória, Jerónimo de Sousa preferiu sublinhar a perda da maioria pela Direita (desvalorizando o facto de o PCP ter passado de 4.ª para 5ª força no Parlamento) para concluir que o PS tinha "condições para formar governo".
10 de novembro de 2015: Cavaco Silva exigiu acordos
Foi outro dia histórico no Parlamento: PS, PCP, BE, PEV e PAN aprovaram a moção de rejeição, apresentada pelos socialistas, contra o programa de Governo, fazendo cair o executivo de Pedro Passos Coelho ao fim de 11 dias. Momentos antes, tinham sido assinados três acordos entre o PS e o PCP, o BE e o PEV, separadamente. Entendimentos exigidos por Cavaco Silva para aprovar a coligação das Esquerdas e que marcou o nascimento da geringonça, conforme Paulo Portas batizou a união de conveniência.
25 de janeiro de 2017: Primeira "zanga no casamento"
BE, PCP e PEV votaram ao lado do PSD a favor da revogação da descida da Taxa Social Única, proposta pelo Governo, para compensar os patrões pela subida do Salário Mínimo Nacional. António Costa foi forçado a aprovar "um plano B" (a redução do pagamento especial por conta) e a líder do Bloco, Catarina Martins, chegou a admitir, tempos depois, numa entrevista que a "legislatura esteve em risco" naquele momento.
6 de julho de 2018: Parceiros pedem mais cedências
PS juntou-se à Direita para chumbar projetos de lei do PCP e Bloco de alteração à lei laboral. Comunistas e bloquistas acusaram os socialistas de cederem às exigências dos patrões. Catarina Martins frisou então que um acordo sobre estes diplomas era decisivo antes das negociações do OE para 2019, que foi o último aprovado com votos favoráveis de todos os parceiros de geringonça.
3 de maio de 2019: António Costa ameaça demitir-se
Na segunda coligação negativa, o PS ficou totalmente isolado no Parlamento. Esquerda e Direita uniram-se pela recuperação para os professores de todo o tempo de serviço que esteve congelado, o que levou António a ameaçar demitir-se. O texto final acabou por ser chumbado, na votação final, em plenário com PSD e CDS voltarem atrás.
9 de outubro de 2019: Segundo sinal de Jerónimo
O PS venceu as legislativas sem maioria e a geringonça foi renovada, mas desta vez sem acordos escritos. "Será em função das opções do PS, dos instrumentos orçamentais que apresentar", avisou Jerónimo de Sousa, após o Comité Central que decide recusar um acordo escrito: o PS "sabe ao que vem".
26 de novembro de 2020: Primeiro voto contra do BE
No OE de 2020, as divergências na geringonça já eram indisfarçáveis: a lei foi aprovada apenas com os votos favoráveis do PS e as abstenções de BE, PCP, PEV, PAN, Joacine Katar Moreira e de três deputados do PSD Madeira. Para o OE de 2021, a situação agravou-se - o BE votou contra e o Governo teve de aceitar mais de uma dezena de medidas, aprovadas por coligação negativa, numa discussão na especialidade com cerca de 1500 propostas de alteração.
31 de março de 2021: Queixas para Constitucional
Governo enviou para o Constitucional o diploma, aprovado por maioria parlamentar, que reforçava os apoios sociais e venceu essa batalha jurídica. Em agosto, voltou a enviar dois diplomas relativos a concursos de professores, também aprovados por uma maioria negativa.v