David Carvalho e a mulher, Slávka Andrejkovicová, partiram, em 2014, de Aveiro, Portugal, para a NASA, a Agência Espacial nos Estados Unidos da América, para estudar o tempo e o planeta Marte, respetivamente.
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A aventura foi motivada por adversidades. Ele, que trabalhava como bolseiro de pós-doutoramento no grupo de investigação GEMAC, do departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, apenas vislumbrava no futuro continuar a trabalhar como bolseiro temporário. Quando surgiu a possibilidade de dar seguimento ao seu trabalho relacionado com o clima na NASA, não hesitou.
Ela, que viera da Eslováquia e trabalhava como investigadora na Unidade de Investigação GeoBioTec, no Departamento de Geociências da mesma universidade, tinha o contrato a terminar e só previa condições "precárias e incertas". Começou à procura, encontrou uma vaga no Goddard Space Flight Center, o mesmo do marido, e seguiu-lhe as pisadas.
Agora, ele integra o grupo de previsão e modelação meteorológica e atmosférica da NASA. O seu trabalho, explica, "consiste em investigar tecnologias de instrumentação meteorológica de última geração a bordo de satélites, ainda em fase de projeto, e simular qual o impacto que estas tecnologias poderão ter na previsão do tempo e de outros fenómenos meteorológicos, como furacões, tempestades e eventos extremos". Também analisa dados recolhidos por satélites já lançados.
David espera contribuir para uma melhor compreensão dos processos atmosféricos e, assim, "melhorar a capacidade de previsão do tempo, em particular de eventos extremos que põem a população em risco". Por outro lado, o seu trabalho também ajuda a fazer uma estimativa de custo-benefício das tecnologias que desenvolvem para serem instaladas nos futuros satélites meteorológicos. E encontrar a solução mais adequada a cada caso.
Slávka faz parte de uma equipa que tem os olhos postos no planeta Marte. Esta equipa é responsável pela análise de dados recolhidos pelo rover Curiosity, o veículo robotizado que a NASA lançou para o planeta vermelho. A missão de Slávka, em específico, "centra-se na procura, síntese e análise de materiais terrestres que mostrem características geoquímicas e mineralógicas análogas" aos minerais analisados pelo robot em Marte. O Curiosity "apenas nos envia resultados instrumentais de amostras marcianas, como difração de raios X, análises de gases evoluídos e outras técnicas geoquímicas. A nossa função é procurar e identificar na Terra ou sintetizar no laboratório materiais que mostrem as mesmas características". Desta forma, é possível "compreender a composição, características e propriedades dos materiais marcianos e obter informações acerca da história do planeta", acrescenta.
Os acordos de confidencialidade a que está sujeita não lhe permitem avançar muito mais informação, mas a ideia fundamental é que, através da análise dos materiais, a equipa a que Slavka pertence consiga obter dados sobre a habitabilidade daquele planeta e a existência de vida (passada ou sobrevivente) em Marte.