António Capucho estava em casa, em S. João do Estoril, quando rebentou, nas ruas, a Revolução dos Cravos. "Soube de madrugada, por amigos, que detetaram os movimentos militares", diz.
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Marcadamente contra o regime fascista, Capucho afirma-se "opositor de café" mas, mesmo assim, foi apoiante das candidaturas da Oposição Democrática - em 1969, da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática e, em 1973, da Comissão Democrática Eleitoral. "Era oposicionista ao regime, foi com grande júbilo que celebrei essa data, esse dia".
Depois de cumprir serviço militar, em 1967, opta por não participar diretamente na revolução, mas ser um observador bastante agradado com o sucedido. Em 1974, ajuda a fundar o PPD, de Sá Carneiro, facto que o leva a afirmar: "servi o meu país até hoje, até ter sido expulso do partido", o que aconteceu na sequência das autárquicas do ano passado.
Sem esquecer o difícil ano que se sucede ao 25 de Abril, com Portugal liderado por governos provisórios dominados por militares, Capucho recorda que "esse período, muito conturbado , só foi possível de ultrapassar graças ao Francisco Sá-Carneiro, pelo PPD, e ao Mário Soares, pelo PS."
Manifestamente orgulhoso e convicto de que aquele era o único caminho possível para os portugueses, confirma que "o 25 de Abril libertou os portugueses, devolveu--lhes liberdades, democracia, direitos e garantias. Só quem viveu o salazarismo é que vê os progressos fantásticos que houve no pós-revolução. É incomparável o país de outrora com o Portugal de agora."
Quando questionado sobre o desânimo dos portugueses, face à crise e aos problemas nacionais, António Capucho afirma que "o atual problema são os governos que encostaram o país às boxes, o 25 de Abril não tem culpa disso. Os governos atuais é que dizimam e empobrecem o país".