O Grande Oriente Lusitano, a mais antiga obediência maçónica portuguesa, está agora a debater a entrada de mulheres. A discussão do tema tem décadas, é um tabu que ainda não deixou de o ser e que se arrasta dentro da organização a nível internacional.
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Mesmo sendo a maçonaria uma instituição historicamente masculina, a verdade é que elas sempre estiveram presentes. Até a lutar pela República e pela liberdade.
Estávamos na viragem do milénio, há coisa de duas décadas, quando Odete Isabel, feminista, acérrima defensora da igualdade de direitos, mulher de Abril, bateu à porta da maçonaria. Sim, da maçonaria. Influenciada que estava pela força do discurso do amigo António Arnaut, que foi um conhecido maçom, advogado e político português, e também por duas amigas de Coimbra. Era o ano 2000 e Odete Isabel entrava assim na Grande Loja Feminina de Portugal, a única obediência maçónica exclusivamente feminina no nosso país, de onde nunca mais haveria de sair, é hoje grã-mestra pela segunda vez, o grau mais alto. “Tinha 60 anos na altura e queria experimentar, saber se me dava bem na maçonaria e abriram-me a porta”, lembra. Mas esta história começa muito antes, é a própria Odete Isabel, hoje com 83 anos, que faz a ressalva. É preciso rebobinar à infância para lhe entender os meandros. Assim seja.