A melancolia, a angústia, a falta de energia sem razão aparente. Os traumas de infância, os impactos na vida adulta. Como lidar com as emoções que moem a alma (e que não estão resolvidas)?
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É necessário recuar à infância, ao passado, aos primeiros anos de vida. Há uma parte significativa de mazelas psicológicas que acontecem neste tempo em que tudo se absorve, sobretudo dentro de casa, junto da família. Alberto Lopes, neuropsicólogo, presidente da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica e Hipnoanálise, autor de vários livros, diz com todas as letras. “O que acontece na infância não fica na infância.” Espalha-se pela vida adulta, molda comportamentos, afeta formas de sentir, de estar, de amar, de se relacionar consigo e com os outros. Por trás de um adulto que acredita em si, está uma criança que o fez primeiro - e uma família.
O contrário também acontece. Um adulto inseguro, pouco confiante, vulnerável e triste, revela uma criança sofrida, pouco amada. A estrutura familiar é o pilar, o verdadeiro suporte. O que espera um bebé e uma criança nos primeiros anos de vida? Amor, segurança, proteção, validação incondicional. Quando isso não acontece, há repercussões, traumas, mágoas, dor - que, muitas vezes, passam de geração em geração. “Quando a primeira geração não cura, a segunda carrega no corpo”, observa Alberto Lopes recorrendo a palavras ditas várias vezes por quem percebe do assunto. “A criança traumatizada continua viva na vida do adulto”, sublinha.