Arranca nesta terça-feira a campanha de imunização contra a infeção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em idade pediátrica, uma das principais causas de internamento de bebés até um ano. As autoridade de saúde estimam a imunização, gratuita, de 62 mil crianças. Eis o que precisa de saber.
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O que é o Vírus Sincicial Respiratório?
Como o próprio nome indica, trata-se de um vírus que pode provocar doença respiratória em todas as idades, sendo mais preponderante até aos 24 meses. De acordo com a informação disponibilizada no site da Direção-Geral da Saúde (DGS), o VSR transmite-se por via da “introdução do vírus através do nariz, olhos ou boca depois do contacto com secreções ou objetos que contêm o vírus”. É altamente contagioso, sendo “muito comum a transmissão entre os irmãos”.
Quais os sintomas e consequências?
A sintomatologia é variável, incluindo secreções nasais, congestão nasal, tosse, perda de apetite, febre, dificuldade respiratória ou prostração. Podendo, assim, causar “infeções respiratórias altas ligeiras”, como uma constipação; ou “infeções respiratórias baixas com potencial gravidade, como bronquiolite e pneumonia”. O pico do vírus ocorre no nosso país, por norma, entre outubro e março. Contudo, no verão de 2021, depois de sucessivos confinamentos que “trocaram as voltas” aos vírus sazonais, os serviços pediátricos não tinham mãos a medir para fazer a um aumento de infeções respiratórias, concretamente por VSR.
Quais são os grupos mais vulneráveis?
Como já referido, os bebés, concretamente recém-nascidos e lactentes (em particular, abaixo dos seis meses de idade) e prematuros. Com risco acrescido para desenvolver doença grave estão ainda as crianças com doenças cardíacas, pulmonares, neuromusculares congénitas ou com imunodeficiências. Apesar de ser um vírus predominantemente pediátrico, afeta também adultos com asma, doença pulmonar obstrutiva crónica ou com imunodeficiências e idosos.
Por que razão arranca agora a imunização?
Depois de a Madeira ter começado a imunizar as suas crianças a 1 de novembro do ano passado, o Ministério da Saúde, sob proposta da DGS, aprovou um investimento de 13,6 milhões de euros para imunizar 62 mil crianças. A DGS, como se lê na norma de vacinação, teve em conta a “carga estimada da doença por VSR em Portugal” e a “evidência científica atualmente existente” para recomendar a imunização com um anticorpo monoclonal de ação longa (o nirservimab, ler mais abaixo) para prevenção de doença grave causada pelo vírus.
Qual o público-alvo desta campanha?
São definidos três grupos. No A, temos as crianças nascidas entre 1 de agosto de 2024 e 25 de março de 2025. Sendo que as crianças nascidas a partir de agora devem ser imunizadas na maternidade e as anteriores nos centros de saúde. No B, temos todas as crianças pré-termo com idade gestacional até 33 semanas + 6 dias, nascidas entre 1 de janeiro e 31 de julho deste ano, devendo ser imunizadas, na primeira oportunidade, nos cuidados de saúde primários. No C, temos as crianças com fatores de risco acrescido para infeção grave por VSR (como, por exemplo, hipertensão pulmonar moderada ou grave) que ainda não tenham completado 24 meses até ao dia 30 de setembro de 2024. Devem ser imunizadas nos centros de saúde ou em meio hospitalar.
O que torna este anticorpo diferente de uma vacina?
Explica a DGS na sua página na Internet que o anticorpo monoclonal nirservimab “confere uma imunidade passiva, em que não é necessário o corpo humano produzir anticorpos para combater uma infeção”, enquanto as vacinas “estimulam a produção de anticorpos”. Além do nirservimab, agora administrado gratuitamente no Serviço Nacional de Saúde à faixa pediátrica, há também vacinas comercializadas contra o VSR, nomeadamente para adultos e grávidas.

