A polémica em torno do tratamento de duas gémeas com o medicamento mais caro do Mundo e do alegado favorecimento adensa-se. Auditoria apura que consulta foi pedida por Secretaria do Estado da Saúde.
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Quem pediu a consulta no Santa Maria?
Ouvida no Parlamento, a presidente da Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), que inclui o Santa Maria, disse que as duas gémeas luso-brasileiras que sofrem de atrofia muscular espinhal foram referenciadas em 2019 pela Secretaria de Estado da Saúde, “segundo registo clínico”, com uma consulta marcada pelo telefone. Lacerda Sales, que na altura estava em funções, nega.
As regras foram cumpridas?
O relatório da auditoria interna pedida pela Administração do CHULN refere que a marcação da consulta pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras. Segundo Ana Paula Martins, as outras oito crianças tratadas foram referenciadas pelo SNS.
O que está em causa?
As bebés - que conseguiram a nacionalidade portuguesa em 14 dias e depois foram tratadas com o Zolgensma (custa dois milhões por dose) - são filhas de amigos do filho do presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa admite ter recebido um email do filho a falar-lhe da situação, mas nega qualquer favorecimento ou pressão junto do Governo ou do hospital.
Quem está a investigar?
A 6 de novembro, a Inspeção-Geral de Atividades em Saúde abriu um processo. No dia 24, a Procuradoria-Geral da República informou que corre investigação “contra pessoa determinada”. A 11 de dezembro, o bastonário da Ordem dos Médicos remeteu para o Conselho Disciplinar “um pedido de averiguações” à atuação dos médicos envolvidos.