O jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano", comentou os primeiros 100 dias de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos da América (EUA), considerando que "não abalaram o Mundo".
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O diário reconhece que, em matérias éticas, Obama demonstrou ser menos "radical do que se esperava", assinalando que a nova Administração norte-americana deu passos de "abertura" em política internacional, sobretudo em relação a Cuba, Rússia e Irão. Noutros cenários internacionais, como o Iraque e o Afeganistão, o presidente norte-americano está a aplicar a mesma política da Administração Bush. Por outro lado, o jornal considera "inegáveis" os sinais de "novidade" no campo da protecção do meio ambiente e nas relações com a China, dando ainda relevo à "capacidade de comunicar" do presidente dos EUA.
Para homenagear Barack Obama pelos 100 dias na Casa Branca, o artista Michael D'Antuono retratou o presidente americano inspirado na crucifixão de Jesus Cristo. Com uma coroa de flores na cabeça e braços estendidos, a obra não deixa dúvidas de que Obama é tido, pelo menos pelo autor da polémica obra, como um novo "messias", enviado para salvar a Humanidade ou, pelo menos, os EUA.
O autor responde às críticas dizendo que a obra está "aberta a interpretações" e esclarece que a cruz não está lá, mas em seu lugar, ao fundo, o selo presidencial. Obama também não está despido, mas veste um fato. Finalmente, o título da obra não deixa dúvidas: "The Truth" ("A Verdade"), que poderá ter sido inspirado nos evangelhos que dizem que Jesus é "o caminho, a verdade e a vida".
Nestes primeiros 100 dias, Obama tem conseguido agradar à maioria dos americanos: cerca de 63% dos aprovam o seu trabalho, como referiu uma sondagem da CNN.
Esse capital de confiança, que aumentou desde as eleições de Novembro, continua por gastar e é expectável que Barack Obama o vá usar nos próximos tempos. A popularidade poderá ajudá-lo a adoptar medidas difíceis. Apesar de ter sido uma promessa de campanha, o aumento do contingente militar no Afeganistão passou incólume na opinião pública e provavelmente teria havido enorme contestação se o presidente fosse outro. As próprias incursões no Paquistão para perseguir terroristas têm escapado ao radar da sempre vigilante comunicação social.
Até quando durará o estado de graça de Obama?