Eventos atraíam todos os anos centenas de milhares de pessoas aos dois concelhos. Autarquias tentam minimizar prejuízos na economia local.
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O cancelamento de dois dos maiores parques temáticos de Natal do país, o de Perlim, em Santa Maria da Feira, e a Vila Natal, em Óbidos, por causa da pandemia, vai causar um rombo estimado em mais de 10 milhões de euros na economia local dos dois concelhos. Sem os milhares de visitantes que todos os anos rumavam a estes eventos, muitos deles espanhóis, as autarquias procuram oferecer outro tipo de atrativos para tentar minimizar o impacto económico daqueles que eram considerados os grandes eventos das respetivas regiões.
"Este era o grande evento do ano, que equivalia a metade do orçamento da Óbidos Criativa e libertava valor para aplicar noutros projetos culturais com menor retorno, mas não podemos baixar os braços. Demos uma nova roupagem à vila e temos procurado passar a mensagem que continuamos a trabalhar para que voltem a visitar-nos", disse ao JN o presidente da empresa municipal que organiza a Óbidos Vila Natal.
Segundo Alexandre Ferreira, o evento atraía normalmente cerca de 130 mil visitantes, e gerava receitas na ordem de 400 mil euros. Ao nível do impacto na economia local, estudos recentes apontavam para mais de cinco milhões de euros, com base numa perspetiva de 100 mil visitantes.
Sem a possibilidade do turismo de massas, e com as entradas na vila limitadas a um máximo de 875 pessoas em simultâneo, este ano a Óbidos Criativa reforçou a decoração natalícia nas ruas comerciais, criou um presépio em tamanho natural, está a passar mensagens "de fé, esperança e amor" gravadas por profissionais da primeira linha de combate à pandemia, e prevê fazer transmissões de várias atividades através das plataformas digitais, entre elas a divulgação de receitas de Natal, feita por cozinheiros do concelho.
Marcos de correio na Feira
Tal como em Óbidos, também Santa Maria da Feira ficou sem um dos seus principais eventos do ano: o parque natalício do Perlim. O evento temático atraía perto de 100 mil visitantes à Feira, cerca de 60 mil portugueses e 40 mil espanhóis, que pernoitavam e faziam as suas refeições e compras no concelho, tornando o mês de dezembro um dos melhores para o negócio.
Aquando da decisão de não realizar o Perlim, o administrador da empresa Municipal Feira Viva, entidade que organiza o evento, confirmava que, este ano, sem o evento, "a economia local deverá ter uma quebra na ordem dos cinco milhões de euros". "Infelizmente não estão reunidas as condições para fazermos o nosso Perlim. Um parque temático que chega a juntar 10 mil pessoas em simultâneo não se enquadraria no cumprimento das regras da DGS, nem do bom senso perante a atual pandemia" referiu, na altura, Paulo Sérgio.
Para tentar minimizar este impacto negativo, a autarquia e a Feira Viva distribuíram pelo comércio tradicional pelo menos 100 marcos de correio destinados, em exclusivo, a receber as cartas das crianças endereçadas ao Pai Natal. A iniciativa conta com o envolvimento das personagens do Perlim que se passeiam pela cidade.
Leiria solidária
As atividades da Aldeia de Natal em Leiria foram substituídas por iniciativas de dinamização do comércio local e de solidariedade, através de angariações de fundos e bens para as IPSS.
Vales de compras
A Associação Empresarial de Caldas da Rainha e Oeste, em parceria com a Câmara, criou vários concursos de Natal, para atribuição de vales de compras a usar nas lojas do concelho.
Cabeça sem Natal
A aldeia de Cabeça, em Seia, era decorada todos os anos pelos moradores com materiais retirados da natureza. Este ano, o evento foi cancelado.