José Eduardo Martins, crítico de Rui Rio e apoiante de Miguel Pinto Luz na primeira volta das diretas, diz que o PSD tem de se focar em "construir uma alternativa de futuro" ao PS, devendo começar por ser "mais ambicioso" nas autárquicas de 2021. Tem de começar a trabalhar nisso "a partir de amanhã".
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"Nós não fomos ainda capazes de construir essa alternativa de futuro e eu tenho muita esperança que seja cada vez mais esse caminho que aqui começa", disse aos jornalistas no Congresso de Viana do Castelo, considerando que a vida do PSD "tem de mudar".
"A nossa vida nos últimos anos tem de mudar porque, se não tivesse que mudar, tínhamos ganho as eleições e não estávamos aqui a perceber como é que voltamos a ser Governo. A vocação do PSD é a de ser um partido que lidera. Temos de voltar a oferecer essa alternativa", defendeu, considerando que as autárquicas devem ser o início desse caminho de afirmação dos sociais-democratas.
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"O objetivo das autárquicas não me parece extraordinariamente ambicioso. Tenho consciência que partimos de um patamar baixo. Temos dois anos para, terra a terra neste país, afirmar uma alternativa diferente e essa é muito a vocação do PSD", disse José Eduardo Martins, considerando que "a partir de amanhã", Rui Rio tem de começar a trilhar esse caminho e a fazer as suas escolhas, não esperando que haja nomes de candidatos a serem anunciados no congresso. "Todos devemos contribuir para esse objetivo", afirmou.
Questionado sobre as palavras de Rui Rio na abertura do congresso, José Eduardo Martins disse que "foram coerentes com o que tem sido o pensamento do líder e não constituíram, desse ponto de vista, especial surpresa".
Diversidade é mais valia
"Há uma certa coerência no discurso que é, algumas vezes, de uma adversidade mal dirigida para dentro. Com certeza que temos de falar sobre o PSD, mas temos sobretudo que dizer o que é que temos para oferecer diferente. Este é o primeiro congresso depois de termos perdido as eleições", disse. "Nós não superamos ainda as circunstâncias que nos fizeram ter o insucesso eleitoral grave que tivemos há três ou quatro meses", acrescentou, recusando calar as críticas.
"A lealdade não é aquiescência. A lealdade é um contributo sério dentro das convicções que aqui cabem todas porque a nossa mais valia é a nossa diversidade. A lealdade é, obviamente, a virtude essencial para estarmos todos no mesmo partido, mas temos todos de entender a lealdade como um contributo da convicção", disse, antevendo que os próximos dois anos de liderança de Rui Rio "vão ser absolutamente tranquilos"
José Eduardo Martins diz que a prioridade do PSD tem de ser combater o "governo situacionista que está a atrasar Portugal". " O PSD tem de ser o partido reformista que sempre foi e não ter vergonha de ser um partido de centro direita".