Taxista há mais de 20 anos em Leiria, António Oliveira, 62 anos, classifica o trânsito na capital de distrito como "caótico". Uma das suas principais críticas é a redução para apenas uma faixa de rodagem em algumas avenidas onde há mais circulação automóvel, na sequência da execução de obras, o que contribuiu para congestionar ainda mais o trânsito na cidade.
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António Oliveira deixa como exemplo o troço da Avenida Nossa Senhora de Fátima, utilizada por quem pretende ir para as Cortes ou para Fátima, que passou a ter apenas uma faixa para a circulação automóvel, no sentido contrário, e onde foram construídas uma ciclovia e passeios "muito largos".
O sinal de proibido no início desta avenida obriga, por isso, os condutores a utilizarem a Avenida General Humberto Delgado, que também foi reduzida a apenas uma faixa, para quem pretende ter acesso à zona da Nossa Senhora de Fátima no outro sentido. "As pessoas perdem-se às voltas", garante o taxista.
Além deste inconveniente, António Oliveira refere que, sempre que os caixotes do lixo e os ecopontos têm de ser esvaziados, ou uma ambulância necessita de transportar um doente, nestas duas avenidas, se formam longas filas, porque o trânsito fica impedido de circular.
Que dinheiro tão mal gasto
O motorista também discorda da intervenção que foi feita na Avenida Heróis de Angola, a principal artéria da cidade, onde fica localizada a rodoviária e o movimento é menor por estes dias, devido à pausa letiva nas escolas. Alguns lugares de estacionamento foram eliminados para dar lugar a floreiras, a que chama de "mamarrachos", e onde existe uma ciclovia, que pouco é utilizada. "Que dinheiro tão mal gasto", observa.
Enquanto são executadas as obras na Avenida Mouzinho de Albuquerque, as duas faixas de rodagem da Avenida Heróis de Angola passaram a ter sentidos contrários, para permitir a circulação do trânsito automóvel. Contudo, António Oliveira alerta que foi colocado um sinal de STOP no fim desta avenida, para que seja dada prioridade a quem vem da Rua de S. Francisco, uma artéria secundária, pelo que diz que a polícia autuou quem andava desatento, nos primeiros dias.
Outra situação que merece críticas da parte do taxista é o facto de, na Rua de Tomar, a ciclovia estar a ocupar uma das faixas da estrada. "Cabe na cabeça de alguém uma bicicleta ter prioridade sobre os carros? Como tem traço contínuo, não as podemos ultrapassar, quando vão no meio", explica.
O trânsito tem crescido muito e é difícil circular na cidade, porque não tem escapatórias
A concentração da EB 2,3 D. Dinis, da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo e da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais na mesma zona, tal como da Escola Secundária Domingos Sequeira e do Colégio Nossa Senhora de Fátima no mesmo local, são outras dores de cabeça para os condutores, às horas de entrada e de saída dos estabelecimentos de ensino.
"Às 7:45 horas, na Avenida 25 de Abril e na Rua João Soares está tudo congestionado", assegura António Oliveira. "O trânsito tem crescido muito e é difícil circular na cidade, porque não tem escapatórias", lamenta. A reduzida utilização dos transportes públicos, por "falta de hábito", e o aumento do número de carros a circular, porque há mais pessoas a viver em Leiria, são as explicações avançadas. "É pena que haja falta de visão."