O fecho temporário do bloco de partos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, já no próximo dia 1 de agosto, não é causado pelas obras, afirma Diogo Ayres de Campos. O ex-diretor de Obstetrícia garante que foi exonerado devido à carta apresentada a 15 de junho.
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No dia 1 de agosto, o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, fecha as portas da urgência de obstetrícia e do bloco de partos, alegadamente, devido às obras de requalificação.
No entanto, o plano de obras não interfere com o atual bloco de partos, assegurou Diogo Ayres de Campos, esta quarta-feira, no Parlamento. Segundo o ex-diretor de Obstetrícia do Santa Maria, o novo bloco de partos será construído numa área onde "não há nada", sendo uma "extensão do hospital", e por isso, não é razão para se proceder ao fecho do serviço.
Este encerramento obriga a que a maioria dos partos seja feita no hospital São Francisco Xavier e que toda a equipa de Obstetrícia do Santa Maria seja também, temporariamente, transferida.
Quando a situação foi comunicada ao hospital de Santa Maria, 34 dos 37 médicos da equipa médica do departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução expôs várias preocupações, através de uma carta, sobre o plano de obras e pedia "segurança" na passagem para o hospital São Francisco Xavier.
Carta foi o motivo do afastamento
Dias depois Diogo Ayres de Campos foi afastado de funções. Segundo o próprio, a carta foi a razão para que tenha sido exonerado. "A polaridade de opinião deve ser entendido como uma mais valia e não como uma afronta", afirmou esta quarta-feira no Parlamento.
Segundo o ex-diretor do departamente de Obstetrícia, entre as várias preocupações apresentadas, foram sugeridas "obras de fundo", que incluíam a enfermaria do departamento, já que iriam ter que sair do hospital. E, caso essas obras venham a ser feitas um dia mais tarde, irão obrigar a um novo encerramento do serviço.
Catarina Martins, deputada do Bloco de Esquerda, questionou Diogo Ayres de Campos se o plano de obras apresentado vai de encontro ao plano que o hospital sempre tinha pedido, que era a modernização e não o aumento de capacidade. Segundo a deputada, o aumento de capacidade do bloco de partos do Santa Maria deveria obrigar a uma requalificação do serviço de enfermaria, pois o "SNS não pode ser uma fábrica de partos que depois não tem condições para as mulheres", alertou.
Quebra de 25%
Outra das preocupações exposta na carta, segundo Diogo Ayres de Campos, prendia-se com a diminuição de resposta conjunta. O hospital de São Francisco Xavier terá que receber as pacientes dos dois hospitais. Segundo explicou, no total poderão existir onze salas de partos, menos duas do que o necessário e poderá causar uma quebra de 25%.