São oito os atuais presidentes de câmara, quatro do PS e outros quatro da CDU, que, por estarem impedidos de formalizar uma recandidatura devido à limitação de três mandatos consecutivos, entraram na corrida à presidência de outras autarquias.
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Neste baralha e volta a dar, há quem tente regressar ao município que, há 12 anos, teve de deixar, enquanto outros encabeçam listas à Assembleia Municipal nas eleições de 12 de outubro.
Num levantamento feito pelo JN, confirmado junto de coordenadores autárquicos e executivos independentes, foi possível apurar que, dos 89 presidentes forçados a sair por terminarem o terceiro mandato, só oito avançam como cabeças de lista a câmaras de outros concelhos.
Históricos de PS e CDU
Um dos socialistas que tenta a sorte noutro concelho é José Manuel Ribeiro, presidente da Câmara de Valongo que se candidata à Maia. Enfrenta Silva Tiago, da coligação PSD/CDS, que tenta o último mandato.
Também no PS, Pedro Ribeiro muda de Almeirim para Santarém; António Pina, de Olhão para Faro (onde o social-democrata Rogério Bacalhau tem de sair); e Vítor Pereira, da Covilhã para Belmonte.
Vítor Pereira, líder distrital de Castelo Branco que cumpre o último mandato na Covilhã, disputa Belmonte que é presidido pelo socialista António Dias Rocha, igualmente impedido de se recandidatar.
Da CDU, há também quatro autarcas que, por estarem impedidos de disputar o mesmo município, se candidatam a outro. São Álvaro Beijinha, do Santiago do Cacém para Sines (onde o autarca do PS tem de sair); Carlos Pinto de Sá, de Évora para Montemor-o-Novo; João Português, de Cuba para Ferreira do Alentejo; e Vítor Proença, de Alcácer do Sal para Santiago do Cacém (cujo edil da CDU também sai).
Em Santiago do Cacém, a CDU aposta no regresso de Vítor Proença. Foi presidente desta autarquia entre 2001 e 2013, ano em que foi eleito pela primeira vez para liderar o município de Alcácer do Sal.
Eurodeputado para Almada
No PSD, que conta 21 figuras impedidas de se recandidatarem, o partido referiu ao JN que não tem atuais presidentes a concorrer à liderança de outros municípios. Hélder Sousa e Silva já saiu no ano passado. O eurodeputado e ex-presidente dos Autarcas Social Democratas é o candidato à Câmara de Almada. Presidiu à Câmara de Mafra de 2013 a 2024, ano em que renunciou para ser deputado ao Parlamento Europeu pela AD.
Entre sociais-democratas, também se aposta na transição para as assembleias. É o caso de Aires Pereira, autarca da Póvoa de Varzim que é cabeça de lista àquele órgão porque tem de deixar a Câmara.
Além dos atuais presidentes, há históricos que estiveram muito tempo afastados da vida política ativa e voltam agora a candidatar-se, como Luís Filipe Menezes, em Gaia.
O CDS-PP destacou ao JN que, no caso de Vale Cambra e de Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, os presidentes de câmara são candidatos à Assembleia Municipal. No primeiro caso, José Pinheiro atingiu o limite de mandatos e, no segundo, sai António Loureiro, que chegou a ser apontado como cabeça de lista para a vizinha autarquia de Sever do Vouga.
Três mandatos consecutivos no mesmo local
O presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos nas respetivas autarquias. Depois de concluídos esses mandatos, não podem assumir as mesmas funções durante o quadriénio imediatamente subsequente ao último mandato consecutivo permitido.
Já no caso de renúncia ao mandato, não podem candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizem no quadriénio imediatamente subsequente à renúncia.
A limitação é restrita ao exercício consecutivo de mandato como presidente de órgão executivo da mesma autarquia local. Ou seja, podem concorrer a outras câmaras ou juntas.