"Olá, estranho". Aplicação desafia utilizadores a jantar com cinco desconhecidos
A Timeleft não é uma aplicação de encontros, mas serve para encontrar outras pessoas que possam ter interesses em comum. A app junta seis pessoas ao redor de uma mesa de jantar e a partir daí tudo pode acontecer. Ou até mesmo nada.
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O processo que leva a este jantar às cegas começa com um questionário, que vai ajudar o algortimo a conhecer-nos e a encontrar outras cinco pessoas que, numa qualquer quarta-feira, se vão juntar num jantar. Por enquanto, apenas no Porto, em Lisboa, Paris e Marselha, mas em breve também será possível em Coimbra, Madrid, Berlim e Londres.
"Vês-te como uma pessoa inteligente ou divertida?", "consideras-te mais entusiasta de cinema de autor ou amante de blockbusters?", "qual é a melhor descrição de uma noite ideal?", são algumas das questões usadas para selecionar o grupo. Quando chegam ao restaurante, os aventureiros encontram mais perguntas, numa espécie de jogo para quebrar o gelo.
De acordo com os dados fornecidos pela aplicação ao JN, em "apenas 20 semanas" foram dinamizados mais de dois mil jantares em Lisboa, "envolvendo mais de 600 participantes" por semana. No Porto, já participaram cerca de 300 pessoas. Em ambas as cidades, 73% dos participantes são portugueses. No toal, mais de mil pessoas por semana vão jantar com desconhecidos, num total de dez mil desde maio. A maioria millenials, com idades entre os 27 e 42 anos.
Mariana do Amaral, natural de São Paulo, no Brasil, participou num jantar quando estava de férias em Lisboa sozinha, depois de ver um anúncio sobre a Timeleft e achou "sensacional, uma boa experiência social", uma vez que gosta muito "de fazer amigos". E se há quem goste muito de fazer amigos, há quem tenha dificuldade e encontre nesta app uma oportunidade de alargar o leque de contactos. E foi isso que fez Vítor Martins, um brasileiro de 26 anos, que vive há dois anos em Portugal. Apesar de ser muito "criterioso ao escolher uma amizade", decidiu inscrever-se e dar uma hipótese ao poder do algoritmo.
Mariana faz um balanço muito positivo do jantar, em que conheceu um restaurante novo e teve "boas conversas". Para Vítor Martins, foi uma "experiência incrível, única" e da qual recorda "um friozinho na barriga". Apesar de a Timeleft recusar o rótulo de aplicação de encontros românticos, Vítor afirma que "há quem vá com essa ideia" e conta que, no seu caso, houve mesmo uma pessoa que partiu para a experiência com essa expectativa.
Depois do jantar, todos os intervenientes se seguiram mutuamente no Instagram, mas Vítor apenas continuou a conversar durante mais uns tempos com a pessoa que demonstrou interesse por ele, ressalvando que a aplicação não promove encontros românticos, apesar de alguns utilizadores terem essa ideia em mente.
Mariana lembra que quando se conhece alguém pelas redes sociais existe "pressão" para marcar um encontro e é difícil combinar "só para ser amigo". A Timeleft tenta tirar um pouco dessa pressão, porque os participantes "apenas saiem para se divertir, quem sabe fazer amigos e se tiver sorte algo mais".
Vítor Martins vislumbra vários aspetos positivos do jantar de dia 25 de outubro: o "encontro com pessoas com interesses em comum, o jogo de perguntas para conhecer melhor" os parceiros de refeição e "quebrar o gelo" e a mistura de "etnias e culturas".
Mariana tem uma viagem marcada para Paris e pretende repetir a experiência na capital francesa. Vítor Martins também pretende voltar a inscrever-se na iniciativa.