Cerca de 17,5% da população adulta mundial, o que equivale a uma em cada seis pessoas, sofre de infertilidade. Os dados são do mais recente estudo sobre o tema, publicado hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e que reúne informação de mais de 133 estudos sobre o tema em todo o Mundo.
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Com os novos números agora publicados, a entidade acredita ser "urgente aumentar o acesso a cuidados de fertilidade acessíveis e de alta qualidade", já que se trata de um problema que afeta uma fatia considerável da população. Segundo o documento, há uma diferença considerável entre a infertilidade nos países considerados ricos, nos quais a incidência deste problema na população é de 17,8%, e nos considerados de médio ou baixo rendimento - estes últimos com uma incidência mais baixa, de 16,5%.
Em termos de regiões do globo, o pacífico ocidental é o que apresenta maior prevalência de infertilidade durante toda a vida, com mais de 23% da população a ser afetada pelo problema. O mediterrâneo oriental é, pelo contrário, o que se encontra com menor taxa de incidência: 10,7%. Na Europa, onde Portugal se insere, a prevalência de infertilidade é de 16,5%.
Em reação às conclusões do novo relatório da OMS, Joana Freire, diretora executiva da Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade), considera que "o estudo vem reforçar as preocupações que a associação manifesta há vários anos". "Há um aumento da percentagem de pessoas que passam por uma jornada de luta pela fertilidade a nível global."
No entender da Organização Mundial de Saúde, o acesso a tratamentos de infertilidade deve ser considerado como parte da resolução para alcançar dois dos 17 objetivos lançados pelas Nações Unidas como metas de desenvolvimento sustentável: saúde de qualidade (ponto 3); e igualdade de género (ponto 5).
Segundo a OMS, a "infertilidade é uma doença do sistema reprodutor masculino ou feminino, definida pela incapacidade de conseguir uma gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares desprotegidas". Frequentemente associado a este problema estão também o sofrimento psicológico significativo, o estigma e as dificuldades financeiras, já que os tratamentos para a infertilidade são, atualmente, dispendiosos. Em declarações ao "Jornal de Notícias", a responsável pela APF fala do caso de Portugal, para salientar "a incapacidade de resposta pelo sistema de saúde público, que continua a necessitar de um maior investimento ao nível de profissionais, equipamentos e infraestruturas".
"Apesar da magnitude do problema, as soluções para a prevenção, diagnóstico e tratamento da infertilidade - incluindo tecnologia de reprodução assistida, como fertilização in vitro (FIV) - permanecem subfinanciadas e inacessíveis para muitos devido aos altos custos", diz a OMS em comunicado partilhado hoje no qual promove o novo relatório. Pascale Allotey, Diretor de Saúde e Pesquisa Sexual e Reprodutiva da OMS, lembra que, havendo um tratamento inacessível às camadas médias e baixas da população, que este se trata, também, de "um grande problema de equidade".
O novo relatório, intitulado "Infertily prevalence estimates" ("estimativas de prevalência da infertilidade", numa tradução livre para a Língua Portuguesa), reúne 133 estudos sobre infertilidade, agregando dados disponíveis sobre o tema entre 1990 e 2021, sendo, até ao momento, o documento mais completo e atualizado acerca da realidade da infertilidade no Mundo. A OMS destaca, no entanto, "uma persistente falta de dados em muitos países e algumas regiões".