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Para Octávio Carmo, enviado da agência "Ecclesia" a Londres, o "people power" (o poder das pessoas) foi o segredo do sucesso da difícil visita que Bento XVI realizou ao Reino Unido, de 16 a 19 do corrente.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, confirmou que o papa fez ouvir a sua voz e cativou as pessoas, o suficiente para que mudassem a imagem acerca de Bento XVI.
Os média renderam-se ao clima de festa, ao peso das palavras de Bento XVI e à sua capacidade de abordar directamente temas previsivelmente delicados, como os abusos sexuais de menores ou a relação entre religião e secularismo.
Antes da visita, alguma Imprensa ainda insistia em temas fracturantes, como o aborto ou a contracepção, mas já eram repetitivos e pouco ou nada originais. Depois da visita, meteram a viola ao saco e fizeram, em geral, um balanço positivo da passagem de Bento XVI por Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham.
O antigo arcebispo da Cantuária (anglicano), George Carey, entusiasmou-se e escreveu no "News of the World" que Bento XVI "chegou, viu e venceu". Outros jornais falaram num papa de palavras serenas que "encantou muitos" ou da "grande coragem moral" com que enfrentou temas mais quentes, podendo por isso deixar o país "com um sorriso nos lábios".
Já na sua visita a Portugal, o papa XVI cativou as pessoas e muitos que tinham previsto um fracasso e tinham contribuído para uma "lenda negra" sobre Bento XVI reconheceram que a sua imagem publicada não corresponde à opinião pública. Há preconceitos que andam ao sabor das generalizações primárias. O povo não pensa assim e é sempre mais sábio.