Mesquita Nunes acusa Rodrigues dos Santos de se "entrincheirar". Medem-se forças na reunião de sábado.
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A oposição interna a Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do CDS, já se prepara para reunir as quatro mil assinaturas necessárias para organizar um congresso extraordinário. Embora o cenário mais plausível seja a aprovação, neste sábado, da moção de confiança apresentada pelo líder ao Conselho Nacional, os partidários de Adolfo Mesquita Nunes já pensam em reunir as quatro mil assinaturas necessárias à realização do congresso.
Mesquita, que quer suceder a Rodrigues dos Santos, acusa a direção de se "entrincheirar" ao não convocar um congresso. Ontem, o deputado João Gonçalves Pereira declarou ao JN o seu apoio "incondicional" ao aspirante a líder do CDS.
Na terça-feira, Mesquita Nunes desferiu novo ataque a Rodrigues dos Santos: "Se tivesse confiança no que resta da sua direção, teria anunciado hoje [terça-feira] a convocação do congresso para ouvir os militantes", afirmou, nas redes sociais.
"Os militantes têm direito a um congresso, não apenas para discutir a liderança mas para discutir o que devemos fazer para dar a volta a isto", prosseguiu o antigo deputado e vice-presidente de Assunção Cristas. Caso contrário, avisa, o país pode vir a "desistir" do CDS.
Moção pode ser aprovada
João Gonçalves Pereira, deputado democrata-cristão, toma o partido de Mesquita. Ao JN, também realça a necessidade de a discussão em torno da liderança não se ficar pela votação da moção. "O país não perceberá se o CDS não tiver um congresso", argumenta.
Gonçalves Pereira refere que tanto a queda do partido nas sondagens, como as recentes demissões de dirigentes exigem uma "clarificação" que "só pode ser feita em congresso". E declara, desde já, "apoio incondicional" a Mesquita Nunes.
"Estou completamente empenhado nessa candidatura", salienta. Argumentando que Rodrigues dos Santos não soube transmitir "uma mensagem ao país", Gonçalves Pereira elogia "a coragem e a responsabilidade" de Mesquita Nunes ao dar a cara.
Embora várias personalidades do CDS tenham vindo a alinhar com Mesquita, a direção leva ligeira vantagem no Conselho Nacional. Por isso mesmo, Rodrigues dos Santos poderá ver a moção de confiança aprovada.
Ainda assim, esse desfecho não fará os partidários de Mesquita Nunes desmobilizar. Neste momento, sabe o JN, já se contam espingardas para reunir as quatro mil assinaturas necessárias à realização de um congresso extraordinário.
Entre os militantes afetos a Rodrigues dos Santos persiste uma incompreensão: a 15 de dezembro, em entrevista ao Polígrafo, Mesquita Nunes dizia não ver motivos para a direção do CDS cair. As presidenciais, entendem, não justificam a mudança de posição.