Ordem afinal não pode ouvir já médico que não detetou bebé sem olhos nem nariz
Conselho Disciplinar do Sul contraria bastonário e diz que está impossibilitado de avançar com caso do bebé com malformações só com base em notícias.
Corpo do artigo
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) fez chegar na sexta-feira ao Conselho Disciplinar (CD) da Região Sul um pedido para analisar o caso do bebé Rodrigo, mas por este ser baseado em notícias, o órgão disciplinar não vai analisar o caso na reunião especificamente marcada para avaliar a conduta do médico Artur Carvalho e que acontece já na terça-feira.
Na reunião, sem a presença do médico, serão analisados cinco outros processos pendentes na OM que recaem sobre o obstetra de Setúbal.
Carlos Pereira Alves, presidente do CD da Região Sul, refere que o ofício do bastonário ainda não chegou aos serviços, mas diz "não ter competências, como o Ministério Público (MP), de abrir processos baseados em notícias". O MP já está a investigar o caso.
Miguel Guimarães, bastonário, diz que "o próprio CD devia já ter tomado diligências no sentido de apurar tudo o que foi relatado na Comunicação Social para ouvir já o médico Artur Carvalho".
Ainda não há queixa
O bebé Rodrigo permanece este domingo com prognóstico reservado nos cuidados paliativos do Hospital de São Bernardo, mas a sua família ainda não fez queixa do médico obstetra junto da OM. Só nesse momento, perante a apresentação dos documentos que suportam o processo, como as ecografias que não mostram as deformações com que o bebé nasceu, é que o CD pode começar a avaliar o caso e ouvir Artur Carvalho, como explica Carlos Pereira Alves.
Na reunião de terça-feira, que ocorre pelas 18 horas, os 17 médicos que compõem o CD vão analisar os cinco processos pendentes que recaem sobre o médico. "Vamos perceber em que fase se encontra cada um dos processos e se em algum houver necessidade de esclarecimentos por parte do médico é que será chamado a pronunciar-se", diz Carlos Pereira Alves.
Artur Carvalho acompanhou a mãe de Rodrigo durante toda a gravidez e em nenhuma das ecografias que realizava na clínica Eco Sado identificou as deformações com que o bebé viria a nascer - sem rosto e sem parte do crânio.
A clínica deixou de realizar na sexta-feira consultas a grávidas na especialidade liderada pelo médico, mas este continua a exercer no Hospital de São Bernardo, que já abriu inquérito ao nascimento de Rodrigo. A sua presença no hospital tem causado desconforto entre as grávidas que entram no serviço de obstetrícia e, sábado, uma das mulheres recusou ser acompanhada por Artur Carvalho no momento do parto.