O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) defendeu, esta terça-feira, a necessidade de o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ter sistemas de alerta para diagnósticos críticos que permitam informar os doentes adequadamente da sua condição clínica.
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"É absolutamente fundamental podermos utilizar em pleno os sistemas de informação e comunicação que podem ajudar os médicos e outros profissionais de saúde, tendo em conta a enorme pressão que têm, a informar adequadamente os seus doentes", disse Carlos Cortes à Lusa.
A reação do bastonário dos médicos surge após a Unidade Local de Saúde de Santo António (ULSSA), no Porto, ter levado sete meses a comunicar aos familiares de um homem de 82 anos o diagnóstico de um tumor.
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Esta situação, que decorreu entre novembro de 2023 e junho de 2024, foi divulgada hoje pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que concluiu que o hospital "não cumpriu a obrigação" de garantir a comunicação do resultado de exames ao utente.
Segundo Carlos Cortes, que já solicitou informações mais detalhadas sobre este caso, o relatório das deliberações da ERS revela uma "situação que a OM considera lamentável, que não deveria ter acontecido, que é o facto de um doente oncológico, com uma situação crítica, e a sua família só terem tido conhecido passados sete meses" do diagnóstico.
"Isso tem de nos remeter para a necessidade de o próprio SNS ter sistemas de alerta, de aviso, para diagnósticos críticos", defendeu o bastonário, para quem há atualmente uma "grande pressão sobre os hospitais, os serviços, as cirurgias e as consultas".
A ULSSA justificou este "lapso temporal" de sete meses entre a realização do diagnóstico e a sua comunicação à família com o facto de não se ter realizado a consulta externa agendada para 7 de dezembro de 2023, alegando que assim "não ocorreu oportunidade de comunicar o resultado da ressecção endoscópica da próstata que revelou adenocarcinoma primitivo do cólon com invasão da próstata".
De acordo com a deliberação, a não comparência do utente na consulta externa deveu-se ao facto de o idoso estar novamente internado no serviço de urologia, salientando que "não foi efetuada qualquer outra diligência de comunicação ao utente e/ou aos seus familiares do resultado" do exame de diagnóstico.
A ERS tomou conhecimento deste caso através de uma reclamação feita pela filha do utente com demência, que morreu em julho de 2024.