Ordem dos Médicos pede "prudência, responsabilidade e transparência" a políticos
A Ordem dos Médicos pediu esta sexta-feira "prudência, responsabilidade e transparência" aos titulares de cargos públicos na comunicação aos portugueses sobre a pandemia. Sevilha está como Lisboa no "vermelho", "sendo de imperioso bom senso reduzir deslocações para áreas problemáticas".
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O alerta da Ordem é feito dias depois do presidente da Assembleia da República ter feito um apelo para a deslocação "massiva" de portugueses a Sevilha para apoiarem a seleção portuguesa de futebol que joga domingo contra a Bélgica, os oitavos de final do campeonato europeu. Esta sexta-feira, aliás, no final do plenário, ao desejar bom fim de semana aos deputados, Ferro Rodrigues voltou a referir Sevilha.
"Vamos então terminar a sessão. Agradeço a todos a cooperação prestada e até para a semana. Muito obrigado. Bom fim de semana a todos. Os que puderem em Sevilha, claro", disse Ferro Rodrigues no final do plenário.
Na nota enviada à Imprensa, a Ordem frisa que Sevilha, como Lisboa, são "zonas vermelhas, sendo de imperioso bom senso a redução de deslocações para áreas problemáticas".
O bastonário Miguel Guimarães não esconde nem o incómodo, nem a preocupação.
"Nesse sentido, é com preocupação e consternação que assistimos a alguns momentos infelizes de comunicação com os cidadãos, em que se promovem mensagens contraditórias e que não beneficiam o combate à pandemia, podendo até trazer consequências económicas e de saúde mais nefastas", sublinha na nota.
A explicação é simples, a pandemia ainda não está ultrapassada, sublinha. E o agravamento da situação em Portugal, apesar do avançar da vacinação, confirmam que "não é ainda o momento de abdicarmos ou de aligeirarmos outras medidas de contenção do vírus".
"Esta é a altura de usarmos todos os meios que temos, das vacinas às máscaras, passando pela testagem regular em vários contextos. Mas nenhuma dessas medidas corresponde a que possamos fazer uma vida inteiramente normal, como a que tínhamos em 2019, e as personalidades com exposição e influência pública são agentes importantíssimos na forma como os cidadãos compreendem as mensagens e ajustam as suas decisões e comportamentos individuais. As vacinas e os testes são seguros, mas não nos dão a total garantia de que não somos portadores e transmissores do vírus", lembra Miguel Guimarães.