Ordem dos Médicos solidária com diretora clínica do Centro Hospitalar do Oeste
Miguel Guimarães disse, esta sexta-feira, ao JN que "a diretora clínica e a médica de ginecologia do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) têm toda a solidariedade do bastonário da Ordem dos Médicos".
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A tomada de posição surge após a divulgação do relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre a assistência prestada à grávida que perdeu o bebé, a 9 de junho, em que as duas profissionais de saúde são responsabilizadas, que o bastonário prefere não comentar.
Cinco dias depois das conclusões da IGAS terem sido tornadas públicas, Filomena Rodrigues renunciou ao seu mandato e cessou funções como diretora clínica, a 31 de agosto, confirmou ao JN o Conselho de Administração (CA) do CHO.
Orientações contraditórias
"A diretora clínica do CHO, enquanto responsável pela coordenação da assistência prestada aos doentes e a qualidade, correção e prontidão dos cuidados de saúde, não só não definiu procedimentos de atuação claros, como emitiu orientações contraditórias relativamente à admissão e triagem", lê-se no relatório da IGAS.
O processo de inspeção concluiu ainda que Filomena Rodrigues "não deu o devido conhecimento destas orientações a todos os trabalhadores afetos ao serviço de Urgência, designadamente ao chefe de banco".
Pelo que o JN apurou junto de fonte da instituição de saúde, o novo diretor clínico só será nomeado após o futuro ministro da Saúde tomar posse. Até lá, essas funções serão asseguradas por Elsa Baião, presidente do CA.
O CHO garantiu ainda que os Hospitais das Caldas da Rainha, de Peniche e de Torres Vedras se encontram a funcionar em "total normalidade".
Processo disciplinar
Filomena Rodrigues exercia funções desde 8 de novembro de 2019. Contudo, o JN sabe que a médica integrava os quadros, mas não exercia prática clínica. O CHO aproveitou para lhe prestar um agradecimento público, "em particular pela dedicação, empenho e esforço que demonstrou ao longo do seu mandato".
O relatório da IGAS também constatou que a atuação da médica assistente hospitalar de ginecologia/obstetrícia que assistiu a grávida "é suscetível de ter violado os seus deveres funcionais e, por isso, foi recomendado ao CA do CHO a abertura de um processo disciplinar".
O JN contactou o CHO para saber se seguiu a recomendação da IGAS, mas não obteve resposta.