O documento da Ordem dos Psicólogos, denominado “Vamos falar sobre desinformação”, pretende auxiliar pais e educadores no combate à desinformação nos adolescentes.
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A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lançou um guia para ajudar a combater desinformação nas redes sociais, sobretudo junto das crianças e jovens. O documento “Vamos falar sobre desinformação” quer assistir os pais e educadores no auxílio aos mais jovens no uso da internet.
Segundo a Ordem dos Psicólogos, 1 em cada 3 portugueses vê "fake news" quase todos os dias e cerca de 81% demonstram estar preocupados com a sua habilidade em distinguir informação verdadeira e falsa.
A organização destaca que "cerca de 50% dos alunos de 15 anos não distingue factos de opiniões" e "pessoas com mais de 65 anos partilham sete vezes mais desinformação do que jovens adultos", refere em comunicado.
Além disso, "todos os dias, enquanto utilizadores, podemos percorrer distraidamente cerca de 90 metros de "feed" nas redes sociais – aproximadamente a altura da Estátua da Liberdade", comunica.
A OPP define desinformação como "qualquer tipo de conteúdo ou prática que contribua para o aumento de informação falsa, não validada, pouco clara e/ou que tenha a intenção de afastar as pessoas dos factos e da verdade", dando os exemplos de "deepfakes, bots, contas falsas, clickbait, conteúdos virais ou descontextualização de conteúdos verdadeiros".
Esses conteúdos podem ser usados "por brincadeira, por acreditarem nela, com o objetivo de enganar, com o objetivo de fazer dinheiro ou com fins políticos ou ideológicos", acrescenta.
A prática "está associada ao aumento do extremismo, da violência e do discurso de ódio", aumentando a polarização e prejudicando a democracia, defende a Ordem.
Os psicólogos aconselham pais, mães e educadores a conversarem abertamente com os jovens sobre as novas tecnologias, para que possam entender sinais de informação falsa, tais como erros ortográficos, "mensagens de remetentes desconhecidos", "alegações exageradas", informações que prejudicam outras pessoas, "imagens e vídeos manipulados", "publicações altamente emocionais" e "citações sem fonte".
A Ordem explica ainda que a "primeira reação" é tentar entender e compreender a informação disponível, e, apenas numa segunda fase, avaliar se é verdadeira ou falsa, exigindo "um esforço cognitivo adicional". Além disso, o nosso cérebro utiliza três armadilhas na interação com "fake news": a confirmação da nossa opinião; "a tentação de confiar cegamente nas pessoas do nosso grupo"; e a simplificação do que é complexo, refere a organização.
Os adultos que estejam em contacto com esse tipo de conteúdo devem refletir, investigar e denunciar, procurando a ajuda de recursos de "fact-checking", "como o Polígrafo (SIC), Prova dos Factos (Público), Fact Check (Observador), Iberifier ou EUvsDisinfo e Google Fact Check", destaca a Ordem.