Falha o nome do brigadeiro, mas não importa."Era o homem que comandava os Serviços de Justiça e Disciplina do Ministério do Exército, onde o então alferes Barroso cumpria o serviço militar quando se deu a revolução. Telefonou-lhe nessa madrugada, ordenando que se apresentasse ao serviço, como havia feito a 16 de março, aquando do golpe das Caldas. Só que, em abril, o alferes Barroso já sabia que daquela vez a coisa seria para ter êxito. Desobedeceu.
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Alfredo Barroso havia sido incorporado, curiosamente, no dia 25 de abril de 1972. Era "uma especialidade não combatente e sem armas", mas os processos que ali se tratavam podiam ser determinantes, por exemplo, para encurtar comissões de serviço de militares que estavam em África.
"Uns dias antes, em conversa com alguém implicado, soube que algo estava para acontecer, mas a verdade é que, quando aconteceu, estava a dormir. Acordei com um colega que era do PC, ao telefone, a dizer-me para ouvir a rádio", recorda o militante fundador do PS, que veio, por exemplo, a ser chefe da Casa Civil do presidente da República, o seu tio Mário Soares.
Estava em Santa Apolónia, quando Soares chegou do exílio em França, de comboio, no dia 28. "Até lhe rasguei um bolso do casaco", recorda, embora note que, como tinha duas filhas, "uma delas bebé", nem sempre teve tempo para usufruir da euforia da libertação.
Conseguiu, porém, estar com a sua primeira mulher na mítica manifestação do 1.º de Maio (no agora Parque de Jogos 1.º de Maio, do futuro Inatel): "Morávamos mesmo ali ao pé, na Avenida do Brasil, e a excitação era enorme: mais de um milhão de pessoas na rua".
Jornalista em "O Século", Alfredo Barroso viveu aqueles tempos "num turbilhão". E tudo valeu a pena, diz, notando ser preciso, agora, "que esta gente não destrua os extraordinários avanços que houve".
Mafalda ou Mickey?
Na Biblioteca Pública Municipal do Porto, expunham-se livros "para crianças". Escaparia aos censores, está visto, o peso político e subversivo das tiras do argentino Quino...