Alguns mantêm-se juntos desde o infantário, outros só se encontraram no 12.º ano, frequentando a mesma turma da Escola Secundária de Penafiel. Agora seguem juntos com o mesmo objetivo: ser médicos. Entraram todos em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) no Porto.
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Nem todos sonharam com este curso desde sempre. Houve quem hesitasse e se informasse sobre outras áreas e houve quem tenha acalentado a ideia desde o 8.º ano. Alice Lopes (20 valores de média), Filipa Meireles (19,22), João Gonçalves (19,37), Juliana Correia (19,12), e Patrícia Ferreira (19,55) têm 18 anos e são naturais de Penafiel. Resultados conseguidos com "esforço e trabalho" e sem abdicar de outras atividades. Quando se formarem serão os primeiros médicos nas famílias.
Além de estarem na mesma turma, a maioria destes jovens frequentava a mesma academia de estudos, para se prepararem para o exame de Matemática, e trocavam ideias e dúvidas. "Mais para o fim já sabíamos que todos queríamos entrar no ICBAS, em Medicina, e já comentávamos: "vamos a ver se entramos todos"", contam. A escolha recaiu sobre este instituto devido à qualidade do ensino e noção de que ali existe "entreajuda e cooperação" entre alunos, mais do que competição, afirmam os jovens. No ensino superior estão em turmas diferentes, mas têm ido juntos às atividades académicas. "E tencionamos estudar em conjunto nas horas livres, para ser mais enriquecedor", adiantam.
Curso gratificante
Também não escondem que estão à espera de um "maior nível de exigência" do que o que enfrentaram até agora, assim como de "um curso difícil e gratificante". Esperam também "fazer amigos para a vida". "Na secundária sabíamos que tínhamos notas bastante altas, não estamos à espera de manter esse nível de notas aqui, mas vamos sempre dar o nosso melhor", diz Juliana Correia. "Espero anos difíceis, de trabalho e organização. Mas pelo espírito académico e pelas pessoas com quem já falamos percebemos que ser estudante de Medicina não é passar o dia a estudar. Há imensas actividades e grupos académicos", acrescenta Filipa Meireles.
Este ano, 16 alunos da Secundária de Penafiel entraram em Medicina. Não são resultados diferentes de anos anteriores, de uma escola pública - "uma das maiores a nível nacional", com 2130 alunos do 7.º ao 12.º (com predominância do secundário) - "que funciona com elevados padrões de qualidade", diz o diretor, Vítor Leite.
"Nos últimos cinco anos, por três vezes, o melhor aluno do país saiu desta Secundária", afirma satisfeito. Mérito dos alunos, mas com um contributo do estabelecimento de ensino que aposta, entre outros, na valorização da escola, em fazer os alunos acreditar que podem atingir resultados, numa monitorização da avaliação dos jovens e em "não deixar ninguém para trás", num forte plano de atividades e que tem boas condições pedagógicas.
Os alunos concordam. "Sempre tivemos boa qualidade de ensino e professores excelentes que nos ajudaram bastante. O mérito é nosso, mas também das escolas que nos formaram", concluem.
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Estratégia
A escola opta por dispersar os melhores alunos pelas diferentes turmas e, sempre que possível, manter as turmas de anos anteriores. "Alguns deles vêm juntos desde o infantário. Esta ligação afetiva que têm produz bons resultados, o que é muito mais importante do que fazer turmas de nível", acredita o diretor.
Procura
A maioria dos alunos desta secundária são de Penafiel, mas a escola também é procurada por alunos dos concelhos vizinhos, como Lousada, Paredes e Marco de Canaveses, pela "qualidade do ensino", diz Vítor Leite.