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Cotrim vale mais do que o líder
A noite correu-lhe de feição, muito acima dos objetivos que a Iniciativa Liberal (IL) tinha traçado, e confirmou a falta que faz na liderança do partido. Sem ultrapassar o Chega, como chegou a ser projetado ao início da noite, pôde ainda assim fazer festa rija. Além do peso que ganha na Europa, o resultado da IL permite pensar, dentro de portas, em possíveis reconfigurações do espaço da Direita no futuro.
A primeira vitória de Pedro Nuno
É um resultado curto, mas matematicamente uma vitória. Ainda que o PS desça em relação a 2019, tem a fasquia das legislativas para ganhar balanço. Ainda assim, com poucos motivos de esperança em mudanças rápidas. O espaço da Esquerda continua a esvaziar-se e será claramente preciso tempo para que o PS possa reequilibrar os pratos da viragem da balança à Direita.
CDU e BE tremem mas resistem
A eleição esteve tremida, mas a ex-líder do Bloco de Esquerda e o ex-deputado João Oliveira conseguiram manter a representação num contexto de recuo para a Esquerda. Catarina Martins sinalizou de imediato as causas pelas quais vai batalhar, com a Palestina e os direitos dos imigrantes à cabeça. A CDU conseguiu, apesar de perder um mandato, recuperar na votação relativamente às legislativas.
Von der Leyen com via aberta
O chamado “camembert”, gíria usada para o gráfico de distribuição de forças no Parlamento Europeu, mantém o PPE como maior grupo, obrigado a negociar com socialistas e liberais. Ursula von der Leyen assegurou estar pronta para procurar um acordo, mas terá de aceitar as linhas vermelhas impostas pelo candidato Nicolas Schmitt em relação à extrema-direita. O polémico namoro com Meloni é assunto encerrado.
André Ventura desce do pedestal
A campanha do diplomata Tânger Corrêa foi desastrosa e a dissonância com o líder do Chega total. Mas a má escolha para liderar a lista não será a única explicação para o resultado do partido, que cai estrondosamente comparativamente com as legislativas. Ventura assumiu a derrota e deverá estar a fazer contas para o futuro. Longe de manter a trajetória crescente, cai precisamente em momento de ascensão da Direita populista por toda a Europa.
PAN continua a perder expressão
Inês Sousa Real vai somando derrotas e o PAN deixa de ter representação na Europa. Parece cada vez mais um fenómeno fugaz, que não soube somar consistência à causa animal, apesar das tentativas de empunhar a bandeira ambiental. Além do mais, é o partido com mais dependência do voto feminino, que representa cerca de 70% do eleitorado.
Francisco Paupério falha por pouco
É difícil colocar o candidato do Livre do lado dos derrotados, de tal modo o partido cresceu em número de votos, mas objetivamente falhou um objetivo que durante a campanha parecia estar ao alcance. Ainda assim, o Livre vai ganhando tração e demonstra ter cada vez mais rostos e valores para mostrar ao país.
Macron esmagado convoca eleições
Um raio. Tragédia. Jogo perigoso com a democracia. Os termos usados pelos jornais em França mostram bem o choque causado pela força da União Nacional e a dimensão da derrota do partido do presidente francês, que anunciou de imediato a dissolução do Parlamento. Emmanuel Macron já contava com uma derrota, mas acabou por sofrer uma humilhação. Nos próximos dias deverão desenhar-se novas alianças para a corrida de 30 de junho e 7 de julho.v