"Os Verdes" manifestaram-se esta terça-feira "abertos a discutir" e a "procurar soluções" no parlamento durante o debate orçamental e declararam estar "a tentar construir um sentido de voto que seja responsável, coerente, sério".
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Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo deputado e dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) José Luís Ferreira, após uma reunião do PEV com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, que durou cerca de 50 minutos.
"O PEV está nesta altura a fazer a análise exaustiva ao Orçamento do Estado, dada a sua complexidade e a sua importância. Estamos a tentar construir um sentido de voto que seja um sentido de voto responsável, coerente, sério", declarou o deputado, acrescentando que o seu partido está a fazer essa análise "sem qualquer preconceito".
Confrontado com a afirmação do primeiro-ministro, António Costa, de que não há "nenhuma razão para que as forças políticas que aprovaram os quatro últimos orçamentos que o Governo apresentou não aprovem este", José Luís Ferreira voltou a remeter uma posição para mais tarde.
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"Nós estamos a fazer a análise a um documento que é muito complexo e, portanto, só nessa altura é que 'Os Verdes' poderão dizer se o senhor primeiro-ministro tem razão ou não na afirmação que faz", considerou.
O PEV está a analisar em que medida a proposta de Orçamento do Estado para 2020 está "em sintonia" com as preocupações que fez chegar ao Governo antes da elaboração do documento e com as prioridades que definiu, entre as quais estão o combate às alterações climáticas, o combate às assimetrias regionais e a melhoria dos serviços públicos.
"E depois uma outra questão que tinha a ver com a justiça fiscal e com a necessidade de acentuar a natureza progressiva do IRS - essa, já percebemos, não consta do orçamento", referiu José Luís Ferreira, que estava acompanhado por Mariana Silva e Joana Silva, do Conselho Nacional do PEV.
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Questionado sobre o anúncio do Livre de que irá propor reuniões com PS, BE, PCP e PEV para procurar "pontos em comum" na especialidade para se aprovar "um orçamento progressista e de esquerda", o deputado disse desconhecer essa iniciativa.
"Não tinha conhecimento, estou a ser confrontado com esse facto pela primeira vez. Mas nós estaremos abertos a discutir, a procurar soluções. Nós normalmente apresentamos sempre propostas em sede de especialidade, não vamos deixar de o fazer, independentemente do sentido de voto que assumirmos. Mas vamos aguardar por essa disponibilidade do Livre para fazer essas reuniões", respondeu.
Hoje ao final da manhã, na primeira reação à proposta de Orçamento do Estado para 2020, entregue na segunda-feira no parlamento, José Luís Ferreira considerou que o documento tem "sinais positivos e sinais negativos", mas merece uma análise mais detalhada e, por isso, o sentido de voto do seu partido ainda está "em aberto".
À saída do Palácio de Belém, reiterou que "continua tudo em aberto em relação ao sentido de voto do PEV relativamente ao Orçamento do Estado para 2020".