A pandemia limita oferta de programas para crianças, cujo preço vai dos 30 aos 200 euros por semana. As câmaras têm atividades.
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Perto de terminar mais um ano letivo, há uma questão em cima da mesa para milhares de pais. "Onde deixar os meus filhos?". Ainda a enfrentar a pandemia pelo segundo verão consecutivo, mas com mais população imunizada do que há um ano, as atividades para crianças e jovens, no verão, são oferecidas por entidades públicas - como câmaras municipais - e privadas, parques de diversões, atividades de tempos livres (ATL) e empresas. É no preço, entre as dezenas e as centenas de euros, que diferem também os programas. Uma semana de atividades para as crianças pode custar até 200 euros.
O medo do contágio pela SARS-CoV-2 mantém-se e os cuidados redobrados limitam, ainda assim, as famílias a precisar de retaguarda nas férias. Apesar das inúmeras autarquias com programação para os mais novos, nem todas vão abrir as portas por precaução. Entre elas estão as câmaras de Vale de Cambra e de Odivelas.
Medo da covid-19
Fora da esfera municipal, há outras instituições, como a Universidade do Porto, a mudar os moldes das iniciativas. Até a pandemia surgir, o programa da "Universidade Júnior" trazia cerca de seis mil crianças e jovens a passar o verão nas salas de aulas e laboratórios das faculdades. Cerca de 1500 "juniores" ficavam alojados no Porto. Por força das circunstâncias, esta instituição vai realizar "workshops" online e atividades de curta duração, sobretudo ao ar livre. As vagas vão ser reduzidas.
Para Alberto Santos, da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), a maioria dos pais, se puder, vai tentar deixar os filhos em casa, depois das aulas, especialmente os mais velhos e com autonomia. "Mas há uma franja substancial que vai precisar de outra resposta", avisa.
Na hora de decidir onde os filhos vão ocupar as horas vagas, as condições dos espaços e as regras sanitárias vão ser determinantes. "Naturalmente, há pais com medo, foram quase dois anos de muito sacrifício, ninguém quer fazer isto de forma leviana", defende Rui Martins, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE).
A maioria dos organizadores está preparada para corresponder às expectativas de miúdos e graúdos, em diversão e segurança. Nos dois campos de férias do Zoomarine, em Albufeira, de julho a setembro, vão ser privilegiadas "mais atividades individuais e mais tempo no exterior", além da redução dos grupos e do "reforço de higienização do espaço e materiais", que constam das regras nas orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Preços importam
André Resende, porta-voz da Associação Nacional de Espaços Infantis e Recreativos, antecipa que o verão deste ano seja parecido com o anterior. Ou seja, haverá parques de diversões a criar ofertas específicas de campos de férias, porque as escolas e os ATL já não fazem visitas com tanta regularidade. "Dantes tínhamos o calendário cheio, agora temos de ser nós a organizar", adianta.
Numa altura em que muitas famílias foram atingidas financeiramente pela pandemia de covid-19, com o desemprego ou o lay-off, o preço será uma condição para a frequência em programas de verão. "As desigualdades são cada vez maiores. Vai haver quem possa recorrer a privados e aderir a campos de férias. Mas serão muitos mais os que não podem", defende Rui Martins.
De acordo com um levantamento feito pelo JN, uma semana de atividades num município pode começar nos 30 euros semanais, com descontos para famílias carenciadas ou numerosas, e chegar quase aos 200 euros por semana nas empresas privadas.
Dois exemplos
Lista de espera
A iniciativa "Férias de Verão" da Câmara de Viana de Castelo tem 168 inscritos e 32 crianças em lista de espera. As atividades começam a 12 de julho e terminam a 6 de agosto.
Vacina e teste
Em Gaia, os dois programas municipais de férias vão ser acompanhados por funcionários e técnicos, que já estão vacinados contra a covid-19. Os monitores externos serão testados à SARS-CoV-2.