<p>Kate e Gerry McCann estão a tentar impedir que os investigadores do caso de desaparecimento da sua filha Madeleine sejam, hoje, ouvidos nas Varas Cíveis de Lisboa, no início do julgamento da providência cautelar que retirou do mercado o livro "A Verdade da Mentira".</p>
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O argumento para este pedido apresentado ao juiz, nos últimos dias, prende-se com alegados "vícios" na oposição de Gonçalo Amaral, o ex-investigador da Polícia Judiciária de Portimão e autor daquela publicação, que defende a tese da morte de Maddie e envolvimento dos pais no desaparecimento do cadáver.
Para hoje está prevista a audição de vários elementos da Polícia Judiciária chamados pelo ex-coordenador, que poderão, eventualmente, corroborar a mesma tese. Magalhães e Menezes, procurador do Ministério Público que arquivou o processo, também foi arrolado.
No despacho final, este magistrado também admitiu a possibilidade de a menina inglesa estar morta e que o casal McCann não conseguiu provar a sua inocência - por não ter sido efectuada uma diligência de reconstituição dos factos, face à indisponibilidade dos amigos ingleses.
A advogada que representa Kate e Gerry McCann argumenta que os factos alegados pelo casal na providência cautelar - que decretou a retirada do mercado do livro de Gonçalo Amaral e respectivo documentário televisivo - devem ser dados como assentes, por não terem sido devidamente contestados.
E que, por isso, é desnecessária a inquirição dos investigadores, entre os quais se incluem Tavares de Almeida e Ricardo Paiva, da PJ de Portimão, Luís Neves, director do combate ao banditismo da PJ, e Guilhermino Encarnação, ex-director da PJ de Faro. O antigo inspector da PJ, Francisco Moita Flores, também foi chamado como testemunha. Conforme noticiou ontem o JN, outra testemunha-chave de Gonçalo Amaral era um elemento da Scotland Yard que colaborou com a investigação portuguesa. Para recusar depor, José de Freitas (inglês, apesar do nome português) enviou uma carta ao tribunal em que alega obrigação de confidencialidade e "imunidade de Estado" do Reino Unido.
O casal McCann argumenta que a constante difusão da tese do ex-coordenador da PJ coloca-os injustamente como suspeitos - contrariando o despacho de arquivamento - e que prejudica a procura da menina. Recusam a possibilidade de morte e insistem na tese do rapto.
Por sua vez, o ex-coordenador da PJ alega não ser o único a defender a hipótese de Madeleineter falecido e o possível envolvimento dos pais no desaparecimento do corpo. Sublinha basear-se em factos reunidos no processo - incluindo "indícios" detectados por cães ingleses.