O primeiro-ministro australiano afirmou que Camberra pretende impedir o acesso dos pais que recusem vacinar os seus filhos a um pacote de benefícios que são concedidos pelo Estado.
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O anúncio de Tony Abbott surge numa altura de intenso debate sobre a imunização de crianças, com pais a defenderem que as vacinas contra doenças mortais são perigosas, num movimento que coincidiu com o ressurgimento do sarampo na Europa e nos Estados Unidos.
No início do mês, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um apelo aos Estados europeus para "intensificarem a vacinação contra o sarampo a grupos etários em situação de risco" para "pôr fim aos vários focos" e prevenir a ocorrência de novos surtos.
Atualmente, ao abrigo da lei, os pais com "objeções de consciência" mantêm a possibilidade de solicitar os apoios relacionados com as crianças.
Porém, a avançar, a política anunciada pelo primeiro-ministro australiano em Sydney, vai fazer com que lhes passem a ser negadas ajudas - como descontos e benefícios fiscais -, o que poderá representar um corte anual de até 15 mil dólares australianos (10862 euros) por criança.
Os pais que não pretendam vacinar as crianças por motivos médicos ou religiosos vão continuar a poder aceder aos benefícios, embora tenham sob requisitos de elegibilidade mais apertados.
Essa política precisa de ser aprovada pelo parlamento, mas conta com o apoio da oposição trabalhista. A intenção é aplicar o conjunto de medidas no início do próximo ano.
A Austrália tem taxas de vacinação superiores a 90% para crianças entre um e cinco anos.
Contudo, segundo dados oficiais, mais de 39 mil crianças com menos de sete anos de idade não foram vacinadas - um aumento superior a 24 mil casos ao longo da última década.
Por isso, o governo está "extremamente preocupado" relativamente aos riscos que tais ações podem representar para a restante população, realçou o primeiro-ministro australiano.
"A escolha feita pelas famílias de não imunizar as suas crianças não é apoiada pela política pública ou investigação médica, pelo que tal ação não deve ser suportada pelos contribuintes sob a forma de apoios para os cuidados infantis", disse o líder australiano, numa declaração conjunta com Morrison.
Muitos dos pais temem que a vacina tríplice VSPR - contra o sarampo, papeira e rubéola - seja responsável pelos crescentes casos de autismo - uma teoria rejeitada por diversos estudos.
A controvérsia remonta à publicação de um artigo - agora contestado - na revista britânica "Lancet" em 1998, o qual causou o pânico, por estabelecer uma ligação entre a vacina e o autismo.