Governo ainda não esclareceu se vai manter o apoio dado às famílias que precisem de acompanhar crianças menores de 12 anos nas duas pontes antes dos feriados de dezembro.
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Com escolas, creches, jardins de infância e ATL fechados nas próximas duas segundas-feiras, há pais que ainda não sabem se terão as faltas justificadas, se terão de meter dois dias de férias ou perder dois dias de salário para ficar em casa com os filhos. "Quando uma medida é anunciada, é preciso pensar em todos, mesmo que sejam uma minoria", critica o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). "Há famílias aflitas, sem alternativa, que vão arriscar deixar os filhos com os avós ou sozinhos em casa", alerta Jorge Ascenção.
A suspensão das aulas dos ensinos Básico, Secundário e Superior, nos dias 30 e 7 de dezembro, foi anunciada pelo primeiro-ministro no sábado como uma forma de tentar controlar o crescimento da pandemia. Na segunda-feira, o país registou 4044 novos casos de infeção e 74 mortes por covid-19. Estão internadas 3241 pessoas, 498 em cuidados intensivos.
O decreto-lei que regula o estado de emergência esclarece que também fecham creches, jardins de infância e centros de atividades de tempos livres (ATL), quer sejam "estabelecimentos públicos, particulares e cooperativos e do setor social e solidário".
O presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, acredita que o regime criado em março após o fecho das escolas, para famílias com filhos menores de 12 anos, continua em vigor. O JN tentou confirmar junto do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social se o apoio excecional à família, decorrente da suspensão das atividades letivas e que previa o pagamento de dois terços da remuneração-base, ainda está em vigor ou se será criada uma medida específica para esses dois dias, mas não recebeu resposta até ao fecho da edição.
A Função Pública terá tolerância de ponto e António Costa apelou ao setor privado para dar folga aos trabalhadores, mas o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, já alertou o Governo para as quebras na produção e para o facto de ter travado o Banco de Horas que poderia agora ser uma solução para quem precisa de ficar com os filhos em casa.
Terão de se "desenrascar"
"Não contesto a possível eficácia da medida, mas é preciso perceber que somos todos cidadãos. E muitos vão ter de ir trabalhar, incluindo funcionários públicos como profissionais de saúde ou forças de segurança", insiste Jorge Ascenção. "Gostaríamos que não fosse necessário mas não adianta ser contra. É óbvio que vai ser uma dor de cabeça e que cada um vai ter de se desenrascar", defende Rui Martins. Os dois dirigentes consideram o fecho nas duas vésperas de feriados "um mal menor", comparativamente à antecipação das férias do Natal em uma semana.
Números
Mais 26 surtos em escolas desde sexta
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, atualizou ontem os dados: 508 surtos ativos no país, dos quais 182 em lares e 94 em estabelecimentos de ensino, públicos e privados, desde creches ao Ensino Superior, sem contar com casos isolados. Comparativamente com os dados de sexta-feira, são mais 31 surtos no país e 26 em escolas, traduzindo-se num crescimento de 6,5 e de 38 pontos percentuais, respetivamente.
758 casos por 100 mil habitantes
Nos últimos 14 dias, o país teve uma média de 758 novos casos por 100 mil habitantes, mas há grandes assimetrias regionais. No Norte houve 1332 casos/100 mil e em Lisboa e Vale do Tejo 500 por 100 mil.
9,6% é a taxa de letalidade acima dos 70 anos
A taxa de letalidade global por covid-19 é de 1,5%. O valor sobe para 9,6% se considerados apenas os óbitos acima dos 70 anos. A doença tem maior incidência dos 20 aos 49 anos.