Dados provisórios dos Censos de 2021 do Instituto Nacional de Estatística mostram acentuar do envelhecimento em Portugal
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É a confirmação do acentuar do envelhecimento populacional no nosso país. Numa dupla vertente: aumento da população idosa e diminuição da faixa mais jovem. De acordo com os resultados provisórios dos Censos 2021, que o Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de libertar nesta manhã, Portugal conta hoje com 182 idosos por cada 100 jovens. Quando, há dez anos, aquele índice estava nos 128; e, há, 20, nos 102.
Efeito de uma pirâmide etária com a base cada vez mais estreita, fruto da contínua quebra da natalidade em Portugal. No período em análise, apenas a população acima dos 65 anos aumentou, com um crescimento de 20,6%, respondendo agora por quase um quarto do total (23,4% contra 19% nos Censos de 2011).
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Em sentido inverso, todas as restantes faixas perdem, com destaque para o grupo 0-14 anos, com uma quebra de 15,3%. A população jovem representa, atualmente, apenas 12,9% do total, menos 2 pontos percentuais face à última década. Já o decréscimo na população ativa foi de 5,1% nos 15-24 anos e de 5,7% nos 25-64 anos.
Numa leitura regional, Centro e Alentejo mantêm-se as regiões mais envelhecidas do país, com 27% dos seus habitantes com mais de 65 anos. No extremo oposto estão as regiões autónomas, com os Açores nos 16,5% e a Madeira nos 20%. Já a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e o Algarve são as regiões com mais jovens (14,3% e 13,4%, respetivamente). A que não é alheio o facto de terem sido as únicas a ganharem população na última década. Sendo que, hoje, o país conta com menos 217 mil residentes, numa quebra de 2,1% face a 2011. Se o Algarve viu a população aumentar 3,7% no período em análise e a AML 1,7%, o Alentejo registou uma quebra de 6,9%.
Um fenómeno previsível e já antecipado pelas previsões a longo prazo do gabinete de estatísticas europeu, o Eurostat. Explicando-se aquele acréscimo populacional como o aumento de residentes estrangeiros no nosso país: numa década verificou-se um acréscimo de 40,6%, sendo agora mais de 555 mil pessoas (5,4% da população total). Com aumento expressivo no Algarve, onde são já 14,7% do total, e na AML, respondendo por 8,9%. Em sentido inverso, no Norte apenas 2,7% dos residentes são de nacionalidade estrangeira.
Um quarto vive sozinho
Com impactos diretos na dimensão dos agregados. A maior parte - um terço - é composto por duas pessoas pessoas, mas os agregados unipessoais aumentaram 18,6% na última década. Hoje, um quarto dos residentes vive sozinho. Proporção que atinge os 28,2% na Área Metropolitana de Lisboa, a região do país com mais agregados unipessoais. Enquanto no Norte aquela proporção é de apenas 21%. Região esta que, no Continente, mais famílias compostas por quatro elementos (23,8%) e cinco (16,4%) tem.
Analisando o parque habitacional, na última década o número de alojamentos aumentou em 72% dos municípios portugueses. Com o maior acréscimo na região do Algarve (+3,2%), enquanto a AML viu a variação do número de edifícios e alojamentos crescer 0,8%, em linha com o registado na década anterior. Sendo também a região com o maior número de alojamentos por edifício (3,3), contra uma média nacional de 1,7.
Mais de um quinto das casas são arrendadas
No que à condição de ocupação dos alojamentos diz respeito, aumenta em 16% o peso dos arrendatários, sendo agora 22,3% do total, contra 19,9% nos Censos de 2011. Já os proprietários respondem hoje por 70%. Com a Área Metropolitana de Lisboa a assumir-se como a região do país com maior proporção de casas arrendadas (29,2%) e o Centro de alojamentos ocupados pelo proprietário (77,3%).
Os Censos analisam também o valor das rendas, com 40,4% dos alojamentos arrendados num escalão entre os 650 e os 999,99 euros. Segue-se o escalão acima dos mil euros, com 21%. No lado oposto, há 4% com rendas abaixo de 20 euros e 6,3% entre os 20 e os 49,,99€. Quanto aos proprietários, a larga maioria (61,6%) não tem encargos financeiros mensais, ou seja, tem a casa paga.