PAN defende Ensino Superior "tendencialmente gratuito" e "segundas-feiras sem carne"
A porta-voz do PAN defendeu esta terça-feira um Ensino Superior “tendencialmente gratuito”, a diversidade de fontes de financiamento das universidades e um reforço das bolsas de estudo, argumentando que esse apoio é insuficiente para cobrir as despesas dos estudantes.
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Em declarações aos jornalistas à entrada para uma reunião com a Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL) no edifício do Caleidoscópio, em Lisboa, Inês de Sousa Real defendeu que não deve haver um aumento da propina, acrescentando que estas devem ser “tendencialmente gratuitas”, sem pôr em causa a qualidade do Ensino Superior e procurando novas fontes de financiamento.
A porta-voz do PAN manifestou-se também preocupada com as limitações de acesso ao IRS Jovem a quem opta por integrar os agregados familiares na declaração de IRS e lamentou que o ensino não seja um tema mais presente no período de campanha eleitoral.
“Esta campanha eleitoral que tem sido marcada por muitos temas, mas infelizmente o ensino não tem sido um deles, achamos que é importante voltar a colocar o Ensino Superior, a educação e o futuro dos jovens também na ordem do dia da agenda política”, acrescentou.
Sousa Real afirmou também que o valor atualmente atribuído nas bolsas de estudo é “manifestamente insuficiente para fazer face às várias despesas que um jovem tem, em particular os estudantes deslocados”, apelando ao seu aumento e a uma menor limitação nas condições de acesso a esse apoio.
A líder do PAN acrescentou que “muitos prometem” e “fazem grandes juras de amor” em tempos de campanha eleitoral, mas que quando chegam ao poder “não executam”, garantindo que o seu partido quer “garantir que a voz dos jovens não fica esquecida” e é levada para o parlamento.
Após o encontro com a AAUL, Inês de Sousa Real salientou que a reunião foi “muito positiva”, garantindo, depois de ter recebido o caderno de encargos dos estudantes da Universidade de Lisboa, que o partido tentará pôr as preocupações estudantis na ordem do dia para assegurar que “não há um retrocesso nas suas reivindicações”.
"Segundas sem carne"
A líder do PAN também defendeu hoje defendeu que o país deve implementar as “segundas-feiras sem carne” - um dia por semana onde fosse promovida uma refeição vegetariana em instituições públicas. Sousa Real detalhou que esta proposta deveria ser promovida em estabelecimentos como universidades e escolas e órgãos de soberania como nos edifícios governamentais ou a Assembleia da República.
“A Assembleia da República e o próprio Governo se apostassem neste tipo de iniciativas ou de eventos com alimentação de origem vegetal, estaríamos a contribuir de forma muito significativa para a redução da pegada carbónica dos alimentos, mas também para a saúde humana”, acrescentou.
Em novembro do ano passado, depois de o PAN ter apresentado uma iniciativa no mesmo sentido na Assembleia da República, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, desafiou Inês de Sousa Real a comer uma “francesinha de carne barrosã” para demonstrar “tolerância e moderação”, mostrando-se disponível para provar uma opção vegan. O convite foi recusado pela líder do PAN.
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza defendeu também a criação de uma estratégia nacional de produção de leguminosas num contexto, acrescentou, de “guerra na autonomia alimentar”, considerando que o país deve também retomar a produção de cereais e estar “alinhado com as metas de descarbonização”.
Sobre cenários pós-eleitorais, Sousa Real voltou a mostrar-se disponível para dialogar com o próximo Governo, seja de esquerda ou de direita, garantindo que o PAN “não se demite de trabalhar em prol das causas que representa” e dos seus eleitores e defendendo que “não vale a pena” limitar o diálogo a um lado do espetro político.