PAN está contra alterações à lei da greve mas pede bom senso aos trabalhadores da CP
A porta-voz do PAN pediu hoje bom senso aos trabalhadores da CP em greve, considerando que esta ação deveria ter sido agendada para depois das eleições, mas opôs-se a alterações à lei da greve, que considera ser proporcional.
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Em declarações aos jornalistas junto à praia de Carcavelos, em Cascais, após um encontro com representantes da Associação SOS Quinta dos Ingleses, Inês de Sousa Real sublinhou que, mesmo com o Governo em gestão, os “problemas do país não desaparecem” e que o executivo “deveria negociar” para impedir esta greve, mas pediu bom senso aos trabalhadores da CP, frisando que o protesto “está a penalizar o lado errado”.
“Acho que esta greve, a este tempo, em plena campanha eleitoral, não vai resolver os problemas da CP e portanto, com todo o respeito que o PAN tem pela greve e por aquilo que são as reivindicações da CP, acho que as únicas pessoas que estão a ser prejudicadas neste momento são os próprios utentes e que deveria ser depois do dia 18, que a mesma deveria estar a acontecer”, afirmou a líder do PAN.
Inês de Sousa Real disse “respeita profundamente” o direito à greve e as exigências dos trabalhadores da CP, criticando o que disse ser um “Governo de costas voltadas para as reivindicações” deste setor, mas insistiu que “quem está a pagar a fatura são as pessoas que querem ir para os trabalhos”.
A líder do PAN acrescentou ainda que o “Governo não parou e está em campanha” e, por isso, “simplesmente não está atento àquilo que são as preocupações reais das pessoas”.
“Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz já se deviam ter ido sentar à mesa com o setor para, por exemplo, neste período de campanha, não estarmos a ter uma greve quando sabemos que temos um Governo em gestão”, afirmou, acrescentando que o executivo deveria comprometer-se já que, no caso de ser reeleito, dará resposta às reivindicações dos trabalhadores em greve.
Questionada sobre a possibilidade de alterar a lei da greve levantada hoje pelo presidente do PSD, Inês de Sousa Real disse “não acompanhar uma tendência de reduzir aquilo que é o direito à greve”, considerando que “até ver o direito à greve tem mecanismo não só de proporcionalidade, mas também de salvaguarda da utilidade pública”.
Sousa Real disse ainda não acreditar que esta greve tenha motivações políticas, como considerou hoje o primeiro-ministro e líder do PSD, mas que tenha origem no facto de as pessoas estarem “chateadas com os governos que têm estado à frente do país”.
Condena ódio contra ciganos
A porta-voz do PAN condenou hoje o discurso de ódio e pediu políticas de integração para os ciganos depois de ouvir queixas de vários feirantes da Feira de Carcavelos sobre as posições do líder do Chega contra a comunidade.
Numa ação de campanha na Feira de Carcavelos, em Cascais, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, queria divulgar a mensagem do partido. No entanto, grande parte das conversas com os feirantes — muitos deles da comunidade cigana — acabou por centrar-se em André Ventura, com os comerciantes a queixarem-se das declarações que o líder do Chega tem feito sobre os ciganos.
“É um palerma, aquilo é um papagaio. Aquilo não é nada, aquilo não é nada. Se ele não consegue resolver o problema no partido dele, como é que ele pode resolver o problema do país? Aquilo é um palerma. Ele foi criado em Algueirão, ele não tem nada, ele não sabe nada”, atirou o feirante António Barão em conversa com a líder do PAN.
Na resposta, Inês de Sousa Real - a “menina Inês”, como lhe chamou o feirante - lamentou as discriminações de que a comunidade cigana é alvo, mas voltou a ser interrompida pelas lamentações de António: “A senhora pode se portar bem, mas você pode ter um irmão que se porta mal. Está-me a entender? Mas não vamos pagar todos por igual”.
Em declarações aos jornalistas no final da visita, a líder do PAN defendeu, depois de ouvidas várias queixas, que o “ódio e a perseguição por parte do Chega não ajuda a promover política de integração com os ciganos”, mas frisou que há um “longo caminho a fazer” ao nível dos bem-estar animal na comunidade.
“Existem muitas pessoas dentro dos ciganos que querem também dar este passo, que querem garantir que os seus filhos têm a oportunidade de trabalho, de se integrarem na comunidade, de prosseguirem os seus estudos e também, evidentemente, de se aproximarem daquilo que são os valores que todos nós partilhamos enquanto sociedade”, acrescentou.
Sousa Real pediu “políticas de integração e mediação comunitária” como resposta às “políticas de ódio” e condenou que o Chega “perturbe a campanha com vários episódios”, como idas a feiras, como forma de “provocação aos ciganos que nada contribui” para um debate eleitoral sobre temas como a saúde ou a educação.
A líder do PAN apelou ainda a medidas de apoio aos comerciantes de mercados e feiras, acrescentando que André Ventura “critica o RSI” mas “depois não tem qualquer medidas de apoio” para os trabalhadores destas áreas.
Pede a Montenegro para usar "experiência como CEO" para problemas na saúde
Em declarações aos jornalistas após uma visita à unidade de saúde familiar de São João do Estoril, Inês de Sousa Real criticou a política de saúde do atual Governo, que acusa de querer privatizar o Serviço Nacional de Saúde em vez reforçar o investimento, e apelou ao primeiro-ministro para usar a sua “experiência como CEO” na gestão do SNS.
“Eu pergunto como é que Luís Montenegro, com a sua experiência até de CEO, não consegue garantir que a saúde é gerida também com a mesma destreza com que tem, de alguma forma, gerido os seus casos pessoais”, ironizou, numa referência ao caso relacionado com a empresa familiar do primeiro-ministro que levou à demissão do Governo através da rejeição de uma moção de confiança.
Sousa Real apontou a saúde como uma das áreas de principal fragilidade do Governo liderado por Luís Montenegro, argumentando que a “ideologia e matriz ideológica” da agenda governativa “não é virada para o serviço público no que diz respeito à saúde” e que “isso tem ficado muito claro na degradação” do serviços prestados.
A líder do PAN defendeu que é “absolutamente fundamental que se encontrem medidas eque permitam a valorização dos profissionais” de saúde, apelando que se retome uma “competitividade [salarial] de outros anos” para responder à falta de médicos em zonas “altamente pressionadas” como Lisboa.
Inês de Sousa Real lembrou ainda o caso das falhas no INEM que terão alegadamente levado à morte de, pelo menos, 11 pessoas, reiterando que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, deveria ter apresentado a sua demissão e que é “inaceitável” que se mantenh ano cargo.
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza, questionada sobre as semelhanças da proposta política do PAN com a do PS, garantiu que o seu partido “tem sido mais ambicioso” que os socialistas, lembrando que o PAN apresentou propostas para reforçar as políticas de prevenção na saúde, que foram rejeitadas pelo anterior Governo de António Costa.
Sobre parcerias com os privados na saúde, Sousa Real lembrou que “durante a pandemia ficou muito claro que é o Serviço Nacional de Saúde, não é o privado que vai dar a resposta”, acrescentando que “o privado tem que ser complementar” do SNS.
A porta-voz do PAN lembrou as conquistas do partido no parlamento como o aposio ao combate da pobreza menstrual e garantiu que, na próxima legislatura, o partido vai propôr a expansão das unidades de saúde familiar e mais respostas para a valorização dos profissionais.