O PAN falhou o seu principal objetivo para estas legislativas. Não conseguiu eleger um grupo parlamentar e falhou a eleição no distrito do Porto, aposta forte durante a campanha eleitoral. Inês Sousa Real voltou a ser a única deputada eleita que, já de madrugada, deixou críticas ao presidente da República.
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A noite eleitoral do PAN foi de grande expectativa e só depois das 23 horas é que se respirou de alívio com a eleição de Inês Sousa Real que garantiu a permanência na Assembleia da República. No seu discurso, apontou críticas a Marcelo Rebelo de Sousa que “tem repetidamente levado o país para ciclos eleitorais, já é o segundo mandato que temos interrompido mesmo perante o perigo de estendermos a passadeira vermelha à extrema-direita no nosso país”, considerou. “Não podemos em democracia andar a brincar com a vida das pessoas. Os portugueses estão a passar por muitas dificuldades, veem o custo de vida aumentar, o direito à habitação a ficar para trás, temos fundos comunitários para investir no país que não se coadunam com estes ciclos políticos”, salientou.
Inês de Sousa Real falou pela primeira vez aos jornalistas, depois de conhecidas as primeiras projeções da noite, ainda com a expectativa de eleger um grupo parlamentar. “O PAN faz muita falta no Parlamento, por isso é importante ter essa representação para as causas que ao longo do ano temos defendido”, disse.
Questionada pelos jornalistas quanto a futuros cenários de governo, nomeadamente com a AD - tal como aconteceu na Madeira-, Inês Sousa Real salientou que para o PAN “as causas são inegociáveis”. “Vamos fazer uma análise dos resultados em sede própria. Os nossos valores estão acima de qualquer interesse político-partidário e por isso mesmo o PAN mantém aquilo que sempre disse em relação a uma aliança com a Aliança Democrática”, referiu.”Uma moção de censura terá de ser analisada pela Comissão Política Nacional”, acrescentou.“Não estaremos disponíveis para viabilizar um Governo que afronte com os valores que o PAN representa na Assembleia da República”, vincou.
Já em relação à abstenção, a líder congratulou os números alcançados. “A abstenção tem sido um grande flagelo para a democracia e congratulamo-nos por termos, finalmente, conseguido que as pessoas participem mais nos atos eleitorais”, disse.
Desilusão no Porto
O PAN também não conseguiu eleger nenhum deputado no distrito do Porto, onde a porta-voz do partido apostou forte e esteve duas vezes durante a campanha eleitoral. Apesar de ter conseguido mais 9793 votos, a cabeça de lista, Anabela Silva de Castro, ficou fora do Parlamento. Ainda muito antes do resultado ficar fechado, Bebiana Cunha já antecipava um cenário “bastante frustrante”, apesar da manutenção da representação parlamentar. A ex-deputada e líder parlamentar do PAN, em 2019, considerou, contudo, que o resultado não impede a continuação do trabalho “naquilo que são as causas que representamos e para as quais as pessoas obviamente nos deram a confiança”, vincou. O PAN participou pela primeira vez nas eleições legislativas em 2011, sem conseguir eleger deputados. Entrou pela primeira vez no Parlamento em 2015. E conseguiu o seu melhor resultado em 2019, quando elegeu um grupo parlamentar com 4 deputados. Em 2022, sofreu uma pesada derrota ao só conseguir eleger Inês Sousa Real em Lisboa.