Programa de comparticipação dos tratamentos só foi executado a 58% no ano passado, ficando a avaliação adiada para o fim de 2022.
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A pandemia diminuiu drasticamente a frequência termal e eliminou 70% das receitas. Mesmo o programa de comparticipação dos tratamentos, iniciado em março de 2019 - e que deveria ser avaliado no primeiro trimestre de 2020 -, acabou por ser automaticamente renovado para ser executado apenas a 58%. O impacto económico é grande também na hotelaria e restauração das vilas termais. A Associação das Termas de Portugal (ATP) estima que 75 mil portugueses terão ficado sem cuidados termais e foi obrigada a lutar pela correção do diploma do Governo que as obrigou a encerrar, no início de julho deste ano, nos concelhos de maior risco. Situação só foi corrigida a 23 de julho.
"As termas só puderam reabrir a 4 de maio, a par de estabelecimentos de tatuagens e bodypiercing, mas não temos nada em comum. Prestamos cuidados de saúde e sempre que um concelho regredia, éramos obrigados a encerrar", explicou Vítor Leal. O presidente da ATP recordou que "a Direção-Geral de Saúde emitiu uma norma para o funcionamento das termas, que já cumpriam com os cuidados devidos, por isso não tiveram qualquer surto e estiveram a trabalhar em alturas de grande intensidade da pandemia, no outono passado".
Ano interrogado
"As termas estão a ser procuradas para tratar de problemas de saúde que ficaram para trás durante o ano passado, assim como outros que surgiram durante o confinamento", revelou Teresa Vieira. Para a administradora das Caldas de S. Jorge, encerrar termas em concelhos de risco elevado, no início de julho, foi contraproducente. "Os médicos estavam a mandar pessoas para as termas e o Governo a mandar fechar. Não fazia sentido", criticou.
No primeiro ano do programa, segundo o Ministério da Saúde, 7843 utentes beneficiaram de 317 463 tratamentos termais entre março e dezembro, no valor global de 600 mil euros - esgotando o total de verbas do projeto. Em 2020, renovado o apoio financeiro para os doze meses em que as termas puderam funcionar (encerraram apenas no primeiro confinamento), só 3625 utentes beneficiaram de 120 337 tratamentos (-58%). Porém, a frequência termal caiu mais (64%) e a faturação (15 milhões em 2019) ficou-se por 4,6 milhões de euros (-70%).
Este ano, o projeto-piloto continua a comparticipar 35% do tratamento termal até um máximo de 95 euros por utente e continua a ter 600 mil euros de dotação. A avaliação será no terceiro trimestre de 2022.
Entre maio e julho deste ano, as termas de S. Pedro do Sul já estavam com 68% das requisições de todo o ano passado. Nas Caldas de S. Jorge, no mesmo período, a procura por tratamentos comparticipados também totalizou 65% do total de 2020.